O funeral do opositor russo Alexei Navalny, que morreu em 16 de fevereiro na prisão, acontecerá na sexta-feira (1º/3) em Moscou, anunciou a equipe do ativista nas redes sociais.
"O funeral de Alexei Navalny será celebrado em uma igreja (...) em Maryino, no dia 1º de março, às 14H00. O sepultamento acontecerá no cemitério Borisovski", em Moscou, informou sua equipe no Telegram.
Ivan Zhdanov, um dos principais colaboradores do opositor, afirmou que o enterro acontecerá a quase 20 quilômetros do Kremlin.
Desde que o corpo do opositor foi entregue à mãe de Navalny no sábado, a equipe daquele que foi o principal crítico do Kremlin tentava encontrar um local para oferecer um "adeus público" ao ativista, mas enfrentou vários pedidos negados, segundo seus colaboradores.
Pessoas próximas de Navalny afirmaram que as autoridades exerceram muita pressão antes da definição do local de sepultamento.
Yulia Navalnaya, a viúva do opositor russo, expressou nesta quarta-feira (28) no Parlamento Europeu o temor de que a polícia atue para prender várias pessoas durante o funeral de seu marido.
"Não sei se (o funeral) será pacífico ou se a polícia vai prender os presentes", disse Navalnaya no plenário do Parlamento Europeu, antes de afirmar que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, é o "líder de uma organização criminosa".
Ela destacou que não será possível afetar Putin com sanções que não sejam fundamentalmente diferentes das já adotadas.
"Não é possível derrotá-lo pensando que é um homem de princípios e moral. Ele não é assim e Alexei percebeu isso há muito tempo", declarou Navalnaya, para quem Putin é um "mafioso sanguinário".
"Alexei foi torturado durante três anos", disse a viúva no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França.
"Putin deve responder por tudo que fez a Alexei", acrescentou.
O silêncio de Putin
O funeral pode mobilizar muitos simpatizantes de Navalny, o que seria incômodo para o presidente russo antes das eleições presidenciais de 15 a 17 de março.
"Em todos os lugares eles se recusaram a nos dar qualquer coisa. Em alguns lugares nos disseram que era proibido", afirmou Zhdanov em um comunicado divulgado no Telegram, no qual critica o "Kremlin e (Serguei) Sobianin", o prefeito de Moscou, um político próximo a Putin.
O presidente russo, que deve pronunciar o discurso anual à nação na quinta-feira no Parlamento, não comentou a morte de Navalny, que sobreviveu em 2020 a um envenenamento que atribuiu a Putin, o que o chefe de Estado sempre negou.
As circunstâncias da morte Alexei Navalny em 16 de fevereiro em uma prisão da região do Ártico permanecem sombrias. O serviço penitenciário russo afirma que ele faleceu depois de "passar mal durante uma caminhada".
Os simpatizantes do opositor e vários governantes ocidentais acusaram Putin pela morte. Alguns chegaram a mencionar um "assassinato" ordenado após três anos de detenção.
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