Os agricultores franceses obstruíram nesta terça-feira (30), pelo segundo dia consecutivo, rodovias cruciais na região de Paris e ameaçam bloquear o importante mercado atacadista de Rungis, à espera do anúncio das "novas medidas" prometidas pelo governo.
O primeiro-ministro Gabriel Attal deve fazer um discurso sobre política geral no período da tarde, no qual são aguardados novos anúncios para tentar reduzir a ira dos trabalhadores rurais da terceira maior potência agrícola europeia e sexta do planeta.
"Vamos assistir o discurso (...) mas há poucas possibilidades de saia alguma coisa", declarou à AFP Yohan François, do sindicato FDSEA, que elogiou a determinação dos agricultores para uma resistência de longo prazo.
A bordo de tratores, os agricultores iniciaram na segunda-feira um "cerco da capital com duração ilimitada", convocado pela maior central agropecuária do país, a FNSEA, e seus aliados do grupo Jovens Agricultores (JA), após 11 dias de protestos.
"Foi uma noite curta, precisamos nos recuperar, mas estamos preparados", afirmou Samuel Vandaele, um trabalhador rural que estava debaixo de uma ponte na rodovia A4, 30 quilômetros ao leste de Paris.
Os agricultores que passaram a noite no local aguardam a chegada de mais de 100 colegas procedentes do noroeste da França. Eles contam com barracas, braseiros, geradores, cerveja e garrafas térmicas de café.
No início da manhã foram registrados mais de 100 quilômetros de engarrafamentos na região de Paris, segundo o site Sytadin.
Do sul do país também avança um comboio de 200 tratores, que saiu na segunda-feira de Agen com destino ao mercado atacadista de Rungis, um dos maiores do mundo, com o objetivo de bloquear o local após a convocação do sindicato Coordenação Rural.
As autoridades mobilizaram um grande dispositivo das forças de segurança para impedir a ação, que não tem unanimidade dentro do movimento agrário. "Nosso objetivo não é matar os franceses de fome", alertou o líder da FNSEA, Arnaud Rousseau.
O setor exige medidas para solucionar a queda das receitas, as aposentadorias baixas, a burocracia administrativa, a inflação das normas ambientais e a concorrência estrangeira, em particular o acordo negociado entre UE e Mercosul.