ESPAÇO E LIMITES

Por que missão do Japão na Lua corre contra o tempo após pouso histórico

Uma sonda da Agência Espacial do Japão pousou na Lua nesta sexta-feira (19/1). No entanto, possível falta de bateria do veículo causa preocupação.

Reuters
Japoneses acompanharam atentamente o pouso de sonda nesta sexta

Pouco após o pouso histórico na Lua nesta sexta-feira (19/1), a Agência Espacial Japonesa, a Jaxa, começou uma corrida contra o tempo.

Isso porque a sonda não-tripulada japonesa, a Slim, pode ter apenas algumas horas de funcionamento pela frente.

O pouso da sonda foi considerado um sucesso, mas foi observado logo depois que nem tudo estava bem com a missão.

Segundo a Jaxa, os painéis solares da Slim não estão gerando eletricidade, o que fez com que a sonda precisasse usar suas baterias.

E isso preocupa os engenheiros, porque agora a sonda depende unicamente dessas baterias, que devem durar apenas algumas horas.

Os especialistas da Jaxa afirmaram que já estão trabalhando intensamente para descobrir a causa do problema com os painéis solares e para que eles voltem a funcionar.

Segundo a Jaxa, estão sendo colhidas imagens da sonda e buscando os dados que apontarão a causa do problema e como resolvê-lo. Mesmo com esses problemas, a sonda continua se comunicando com a Terra, informou a agência.

"Se essa situação não puder ser corrigida, quando a bateria descarregar, a missão perderá comunicação", apontou o correspondente de Ciência da BBC, Jonathan Amos.

A agência informou que não desistirá imediatamente da Slim mesmo se o equipamento ficar "em silêncio".

"Quando a luz da Terra brilha em uma direção diferente, ela pode atingir o painel solar, então estamos considerando isso e esperamos que a Slim recupere a energia", disse o vice-presidente da Jaxa, Hitoshi Kuninaka.

Um possível retorno do funcionamento dessas placas solares, caso voltem a receber luz, é uma das possibilidades para que o problema seja contornado.

No entanto, as temperaturas da Lua no escuro ficam muito baixas, em muitos casos tão baixas que podem afetar componentes eletrônicos como os da sonda.

Mesmo diante desse problema, muitos japoneses seguem comemorando o feito histórico desta sexta. O país foi a quinta nação a pousar na Lua.

A chegada à Lua é também uma forma de o Japão ingressar nesse clube exclusivo dos países que já conseguiram feito semelhante.

Anteriormente, já haviam pousado, respectivamente, Estados Unidos, a antiga União Soviética, China e Índia.

Jaxa
Representantes da Jaxa aguardam dados oficiais para avaliar os resultados do pouso desta sexta

Por que a missão do Japão é histórica

A Jaxa descreveu a missão como um "Marco importante" e um grande passo para a futura exploração espacial.

As expectativas do país sobre essa missão eram altas porque ela era considerada fundamental para apontar a capacidade do Japão em realizar um pouso de alta performance na superfície lunar.

"Deveríamos ser capazes de chegar à superfície lunar, para que, com o avanço dos vários países, possa haver cooperação internacional, que é algo que já está em curso", informou a Jaxa sobre uma possível exploração espacial.

"Pousar na Lua em si é muito difícil, então fazer algo assim é muito desafiador e fazer esforço é muito importante", acrescentou um funcionário da Jaxa durante coletiva de imprensa.

O esgotamento da bateria não significa o fim da missão dessa sonda, disseram os especialistas. A agência planeja usar o tempo disponível de bateria para entender a situação e obter o máximo de dados possível.

Apesar de considerar o pouso da Slim um sucesso, a Jaxa ponderou que precisa de cerca de um mês para analisá-lo completamente.

O projeto Slim está em desenvolvimento há mais de duas décadas e é a segunda tentativa de pouso na Lua da agência espacial japonesa depois de perder contato com a sonda Omotenashi em 2022.

A agência chegou a pousar com sucesso duas vezes em pequenos asteróides, mas pousar na Lua é mais difícil devido à sua gravidade.

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Um modelo em miniatura da Slim foi exibido nas instalações da Jaxa no sul de Tóquio

O futuro espacial do Japão

A partir do pouso na Lua, o Japão espera que os jovens queiram se envolver no segmento do espaço sideral nas próximas décadas.

O presidente da Jaxa, Hiroshi Yamakawa, afirmou que "enviaremos mais (sondas) para a Lua e temos um projeto para Marte".

Os funcionários da Jaxa disseram que querem usar a missão da Slim como aprendizado.

"Queremos aumentar a precisão da nossa tecnologia, como a nossa tecnologia de pouso, para que seja possível não apenas um pouso na Lua, mas também em Marte", informou a Jaxa.

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