Israel e Hamas chegaram a um acordo para permitir o reforço da ajuda humanitária enviada à Faixa de Gaza, segundo informações divulgadas pelos mediadores das negociações.
O pacto, mediado pelo Catar e pela França, prevê a entrega de medicamentos aos reféns detidos pelo Hamas. Em troca, Israel permitirá a entrada de mais suprimentos básicos no enclave palestino.
Após três meses de bombardeios israelenses, a situação na Faixa de Gaza é grave.
Segundo as autoridades locais, mais de 50% das casas foram destruídas, danificadas ou se tornaram inabitáveis desde o início do conflito. Quase 2 milhões de pessoas – 85% da população local – fugiram de suas casas.
Os ataques de Israel foram uma resposta à invasão do Hamas em 7 de outubro de 2023, quando cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 240 foram feitas reféns.
Mas após o novo acordo divulgado, os Estados Unidos disseram estar esperançosos de que novas negociações possam levar à libertação de mais reféns.
O enviado dos EUA para o Oriente Médio esteve no Catar para discutir o acordo, disse o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, nesta terça-feira (16/1).
As discussões foram “muito sérias e intensas”, acrescentou. “Temos esperança de que dará frutos e dará frutos em breve.”
Anteriormente, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, já havia anunciado o acordo sobre a ajuda humanitária.
Segundo o acordo, os suprimentos humanitários deixarão a capital do Catar, Doha, com destino ao Egito nesta quarta-feira. A ajuda será então levada para Gaza, para ser entregue aos civis, enquanto os medicamentos chegarão aos reféns israelenses.
Um cessar-fogo temporário acordado entre os dois lados em dezembro permitiu a libertação de cerca de 100 pessoas presas pelo Hamas. Acredita-se que mais de 132 reféns ainda estejam detidos em Gaza.
Em uma carta enviada ao gabinete de guerra de Israel após o fim do cessar-fogo, um grupo formado pelas famílias dos reféns disse que muitos estavam precisando de cuidados médicos regulares e alguns estavam correndo riscos sérios.
Na semana passada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que David Barnea, chefe da agência nacional de inteligência de Israel, a Mossad, abordou o Catar para garantir um acordo para o fornecimento dos medicamentos necessários.
Na terça-feira, Netanyahu emitiu uma declaração expressando “o seu agradecimento a todos aqueles que ajudaram neste esforço”.
Os ataques do Hamas em outubro desencadearam o intenso bombardeamento de Gaza por Israel, que já matou mais de 24.000 pessoas, a maioria delas mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde gerido pelo Hamas.
Embora mais ajuda esteja a caminho de Gaza agora, o chefe humanitário da ONU descreveu a situação como “intolerável”.
Israel está sob crescente pressão internacional para considerar um cessar-fogo ou uma pausa humanitária em Gaza diante da escala do sofrimento civil.
Mesmo o seu aliado mais próximo, os EUA, que defende consistentemente o direito de Israel à autodefesa, disse repetidamente ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que o número de mortos civis é “elevado demais”.
Na semana passada, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, citou números da ONU de que 90% da população continua a enfrentar grave insegurança alimentar, acrescentando: “Para as crianças, os efeitos de longos períodos sem comida suficiente podem ter consequências para toda a vida”.
“Mais alimentos, mais água, mais medicamentos e outros bens essenciais precisam entrar em Gaza.”