Um estudo publicado no Journal of Conflict Archaeology revelou novos detalhes sobre uma explosão que marcou o início da Batalha do Somme, travada por Inglaterra e França contra a Alemanha, durante a Primeira Guerra Mundial. A cratera em Hawthorn Ridge resultou da explosão de uma mina detonada em 1 de julho de 1916 pelo governo britânico para marcar o início das ofensivas.
Agora, 107 anos depois, uma equipe de historiadores, investigadores e cientistas sob comando da Universidade de Keele, na Inglaterra, encontrou os epicentros das detonações de explosivos e até um projétil de artilharia não disparado com estopim intacto.
Os pesquisadores identificaram 27 projéteis de impacto e conseguiram recuperar fios de comunicação e arame farpado pertencentes à Alemanha. A investigação ainda encontrou túneis até então desconhecidos escavados na cratera. Acredita-se que essas valas foram escavadas pelas forças alemãs.
A investigação só foi possível após a organização franco-britânica Hawthorn Ridge Crater Association assinar um contrato de arrendamento da área, localizada hoje na França, em parceria com as autoridades locais. O tratado regulamenta a proteção do local para gerações futuras por 99 anos a partir da assinatura, em 2018. O grupo de pesquisa recebeu acesso exclusivo à área.
“A terra era propriedade privada há quase 100 anos, então este estudo científico, o primeiro a ser realizado nesta cratera historicamente importante, foi ao mesmo tempo emocionante e significativo”, destacou o Dr. Kris Wisniewski, professor de Ciência Forense na Universidade de Keele.
Estratégia alemã
Em 1916, a estratégia de detonação da mina se tornou um problema para o exército britânico. Isso porque a galeria instalada em Hawthorn Ridge explodiu 10 minutos antes dos apitos sinalizarem. Essa explosão precoce deu vantagem aos alemães, que tiveram tempo para tomar posições junto à cratera para combater o exército rival.
O professor Peter Doyle, historiador militar da Goldsmiths, Universidade de Londres, classifica a explosão adiantada como uma péssima ideia, já que deu tempo para que a terra assentasse e o exército da Alemanha se posicionasse. “Os alemães dominaram rapidamente a arte de capturar crateras e usaram isso a seu favor. Embora tenham perdido muitos homens na explosão inicial, a cratera tornou-se parte da linha de frente alemã, o que significa que a oportunidade de romper a linha aqui foi perdida”, comenta.
Meses depois, em 13 novembro de 1916, uma nova explosão de mina formou outra cratera e deu vantagem à 51ª Divisão Highland, frente de combate britânica, que tomou a aldeia vizinha de Beaumont Hamel.