A pele corresponde a cerca de 15% da massa corporal. É o maior e mais visível órgão no corpo humano.
No entanto, muitas das funções da pele são frequentemente negligenciadas.
Ela é um protetor solar, um escudo contra germes, um reservatório de vitamina D e um meio de regular cuidadosamente a temperatura do nosso corpo.
Sendo o órgão mais visível do nosso corpo, a pele também nos oferece uma visão dos tecidos internos que ela protege.
Portanto, não pense na sua pele apenas esteticamente — pense nela como um reflexo da sua saúde.
Distúrbios no intestino, sangue, hormônios e até mesmo no coração podem ser percebidos primeiro na pele, na forma de uma erupção cutânea.
Aqui estão alguns sinais para ficar atento.
1. Eritema migratório
Os carrapatos são criaturas com as quais ninguém gostaria de voltar para casa após uma caminhada no campo.
Embora a grande maioria das picadas de carrapato não cause doenças, há uma erupção cutânea que deve motivar uma visita ao médico se você a identificar.
A erupção cutânea conhecida como eritema migratório pode se expandir rapidamente pela pele e é característica da doença de Lyme, uma doença bacteriana potencialmente grave.
Essa erupção forma um padrão clássico de alvo, como uma bola avermelhada dentro de um alvo.
Se você foi picado, é essencial ficar atento ao aparecimento desse sinal, assim como a outros sintomas associados à doença de Lyme — como variação de temperatura, dores musculares e nas articulações e dor de cabeça.
A condição é tratada com antibióticos, que podem prevenir complicações a longo prazo, incluindo sintomas de fadiga crônica.
2. Púrpura
Algumas erupções cutâneas recebem nomes com referência a cores — púrpura é um exemplo.
O nome dessa erupção é derivado de um molusco que era usado para fazer corante roxo.
Púrpura refere-se a uma erupção de pequenos pontos roxos ou vermelhos.
A causa é o acúmulo de sangue em uma camada mais profunda da pele (derme). Quando pressionada com um dedo — ou ainda melhor, com a superfície de um copo —, ela não desaparece.
A púrpura sinaliza um problema nas paredes dos pequenos vasos sanguíneos que alimentam a pele ou no sangue dentro deles.
Isso pode ser devido a uma deficiência de plaquetas, os pequenos fragmentos de células que permitem a coagulação do sangue — talvez por falha na medula óssea ou uma condição autoimune em que o corpo se volta contra si mesmo e ataca suas próprias células.
Na pior das hipóteses, a púrpura pode indicar a condição potencialmente fatal de sepse, onde uma infecção se espalhou para a corrente sanguínea — talvez dos pulmões, rins ou até mesmo da própria pele.
3. Aranhas vasculares
Erupções cutâneas também podem assumir formas reconhecíveis.
As chamadas aranhas vasculares representam um problema nas arteríolas da pele (pequenas artérias que fornecem sangue à pele).
As arteríolas abrem e fecham para controlar a perda de calor da superfície do corpo. Mas, às vezes, podem ficar presas abertas — e um padrão semelhante a uma aranha aparecerá.
A arteríola aberta é o corpo da aranha, e os capilares ainda menores que se espalham em todas as direções são as pernas finas.
Se você apertar o local com a ponta do dedo, o sinal desaparece, já que o toque interrompe temporariamente o fluxo sanguíneo.
Muitas vezes, essas marcas são benignas e não estão associadas a nenhuma condição específica — especialmente se você tiver apenas uma ou duas.
No entanto, mais de três sugerem níveis mais elevados da circulação do hormônio estrogênio, frequentemente devido a doenças hepáticas ou às alterações hormonais observadas na gravidez.
Tratando a causa subjacente, as "aranhas" frequentemente desaparecem com o tempo, embora possam persistir ou reaparecer mais tarde.
4. Acantose Nigricans
Alterações nas dobras da sua pele (geralmente ao redor das axilas ou pescoço), especialmente se ficarem espessas e aveludadas ao toque, podem sugerir uma condição conhecida como Acantose Nigricans.
A aparência de "veludo preto" na pele é mais comumente observada em peles mais escuras.
Normalmente, a condição está associada a distúrbios do metabolismo, principalmente diabetes tipo 2 e síndrome dos ovários policísticos.
Se qualquer uma dessas condições for tratada com sucesso, a erupção cutânea pode desaparecer.
Em casos raros, também pode ser um sinal de câncer de estômago, o que deve ser considerado em pacientes com poucos ou nenhum dos principais sinais de doença metabólica (obesidade e pressão alta).
5. Erupções em forma de borboleta
Até mesmo distúrbios do coração podem ser visíveis na pele.
As válvulas cardíacas têm o papel importante de direcionar corretamente o trajeto do sangue através do coração e impedir o refluxo.
A válvula entre as câmaras do lado esquerdo do coração (a válvula mitral, assim chamada por sua semelhança com o chapéu de um bispo, ou mitra) às vezes pode se estreitar, causando a deterioração da função cardíaca, uma condição conhecida como estenose mitral.
A resposta natural do corpo é preservar o volume sanguíneo central, bloqueando o fluxo em direção à pele.
O efeito pode resultar em uma erupção vermelho-púrpura elevada nas bochechas e na ponta do nariz, semelhante às asas abertas de uma borboleta.
Chamamos isso de fácies mitral que, dependendo da extensão do dano ao coração e grandes vasos, pode persistir apesar do tratamento.
É importante prestar atenção à sua pele. Ela está constantemente se comunicando com você, e quaisquer alterações em sua textura, cor, ou se novas marcas ou padrões aparecerem, podem indicar algo acontecendo abaixo da superfície.
Importante: Todo o conteúdo desta reportagem é fornecido apenas como informação geral e não deverá substituir o conselho profissional do seu médico ou de outro profissional de assistência médica. A BBC não é responsável por nenhum diagnóstico elaborado pelos usuários com base no conteúdo deste site.
A BBC não é responsável pelo conteúdo de nenhum site de internet externo mencionado, nem recomenda nenhum serviço ou produto comercial mencionado ou comercializado em nenhum desses sites. Consulte sempre o seu médico em caso de qualquer preocupação com a sua saúde.
*Dan Baumgardt é professor sênior da escola de fisiologia, farmacologia e neurociências da Universidade de Bristol, na Inglaterra
Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado sob licença Creative Commons. Leia aqui a versão original em inglês.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br