ESTADOS UNIDOS

Trump depõe em julgamento por difamação após vitórias nas primárias

Após negociações árduas e tensas entre o juiz de instrução Lewis Kaplan e sua advogada Alina Habba, Trump, visivelmente frustrado, limitou-se a responder a três preguntas

Faltando nove meses para as eleições presidenciais, a influência de Donald Trump já é perceptível -  (crédito: Charly Triballeau/AFP)
Faltando nove meses para as eleições presidenciais, a influência de Donald Trump já é perceptível - (crédito: Charly Triballeau/AFP)

Donald Trump subiu nesta quinta-feira (25/1) ao estrado para depor no julgamento do processo por difamação movido contra ele pela escritora E. Jean Carroll, após suas vitórias nas primeiras votações das primárias para definir o candidato presidencial republicano nas eleições de novembro.

O ex-presidente, que esteve em diversas audiências desde que o julgamento começou em 16 de janeiro, retornou ao tribunal nesta quinta, após um breve recesso devido à enfermidade de um dos jurados, com a aura da vitória contundente obtida nos estados de Iowa e New Hampshire na disputa interna do Partido Republicano para indicação presidencial.

Após negociações árduas e tensas entre o juiz de instrução Lewis Kaplan e sua advogada Alina Habba, Trump, visivelmente frustrado, limitou-se a responder a três preguntas de sua defesa no início da tarde, constatou a AFP.

O juiz determinou que Trump respondesse sim ou não para evitar que ele pudesse utilizar seu depoimento no banco das testemunhas para atacar Carroll, que estava diante dele, como costuma fazer nas redes sociais e entrevistas coletivas.

"Quero saber tudo o que vai dizer", ordenou o juiz.

"Ela [Carroll] diz algo que considero falso", disse Trump ao responder a uma pergunta, antes de ser interrompido pelo juiz.

'Abaixe o tom de voz!' 

Durante a audiência, que começou pela manhã, Trump, de 77 anos, exclamou: "nunca conheci essa mulher", dirigindo-se a Carroll. "Abaixe o tom voz!", lhe ordenou o juiz.

O interrogatório da defesa de Carroll também foi breve, e um furioso Trump balançava a cabeça decepcionado.

"Isto não é os Estados Unidos", protestou, enquanto deixava a sala do tribunal.

A escritora e jornalista E. Jean Carroll, de 80 anos, reivindica uma indenização de 10 milhões de dólares (cerca de R$ 49 milhões, na cotação atual) do republicano por difamação, após a publicação de um livro e de um artigo, em 2019, nos quais contava que Trump a teria estuprado em um provador de uma loja de departamento em 1996.

Em maio de 2023, um júri considerou o magnata culpado de agressão sexual e difamação e o condenou a pagar à ex-colunista da revista Elle 5 milhões de dólares (cerca de R$ 24 milhões, na cotação atual), uma decisão da qual Trump recorreu.

Neste segundo julgamento, um júri anônimo, formado por sete homens e duas mulheres que respondem a um número, pois seus nomes sequer podem ser conhecidos entre eles mesmos, terá que determinar se as declarações do ex-presidente dos Estados Unidos constituem difamação.

'Tarada' 

Trump, que costuma chamar Carroll de "tarada", garantiu no primeiro julgamento que a jornalista "não fazia seu tipo" e tinha inventado o estupro para "vender seu novo livro", intitulado "Para que precisamos dos homens? Uma modesta proposta".

"[Trump] destruiu minha reputação", disse a escritora no julgamento.

Na noite de quarta-feira, em sua plataforma Truth Social, Donald Trump lançou pelo menos 37 tiradas contra sua denunciante. O magnata repete que "jamais tinha visto ela em sua vida", apesar de, no primeiro julgamento, a defesa de Carroll ter apresentado uma foto em que os dois aparecem sorridentes, com seus respectivos companheiros da época. 

Esta é uma das muitas frentes judiciais que o ex-presidente deve enfrentar em plena corrida eleitoral. Trump considera que esses processos são parte de uma "caça às bruxas" para evitar seu retorno à Casa Branca. 

Sobre o ex-presidente pesam 91 acusações penais em diversos tribunais, a maioria relacionada com suas tentativas de permanecer no poder após as eleições de 2020, vencidas pelo democrata Joe Biden, um triunfo que ele insiste em não reconhecer.

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postado em 26/01/2024 13:43 / atualizado em 26/01/2024 13:43
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