Corrida eleitoral

DeSantis desiste de campanha e apoia Trump

Governador da Flórida era considerado o principal adversário do ex-presidente nas primárias do Partido Republicano

Ron DeSantis e Donald Trump, à época presidente, em debate na pandemia. Republicanos se apoiaram durante os mandatos -  (crédito:  AFP)
Ron DeSantis e Donald Trump, à época presidente, em debate na pandemia. Republicanos se apoiaram durante os mandatos - (crédito: AFP)

O governador do estado da Flórida, Ron DeSantis, suspendeu ontem sua campanha pela corrida presidencial nas disputas internas do Partido Republicano e disse que apoiará o ex-presidente Donald Trump nas próximas eleições, em novembro.

Em um vídeo publicado em suas redes sociais, DeSantis disse que, após ficar em segundo lugar nas convenções de Iowa na semana passada, não poderia pedir a seus apoiadores que "oferecessem seu tempo e doassem seus recursos sem um caminho certo para a vitória."

DeSantis disse que apoiaria o ex-presidente americano porque "ficou claro nas primárias que a maioria dos eleitores republicanos quer dar outra chance a Donald Trump. Ele tem meu apoio porque não podemos voltar à velha guarda republicana do passado ou uma forma reformulada de corporativismo requentado que Nikki Haley representa", disse, se referindo à republicana que aparece em terceiro lugar nas pesquisas.

Embora o governador da Flórida tenha reconhecido desentendimentos com Trump, especialmente sobre a pandemia de coronavírus, ele disse que o ex-presidente é superior ao atual titular, Joe Biden.

A campanha de Trump disse em um comunicado neste domingo que ele estava honrado com o apoio de DeSantis e apelou aos republicanos para se unirem em torno dele.

Disputas internas

O anúncio foi feito dias antes das primárias republicanas em New Hampshire, que acontecem na terça-feira (23/1). DeSantis era um dos principais adversários de Trump para concorrer à Casa Branca pelo Partido Republicano. A sua saída deixa Nikki Haley, ex-embaixadora da ONU, como a única rival significativa do ex-presidente.

Na última segunda-feira (15/1), Trump venceu com folga as primeiras prévias do partido. Eleitores republicanos no estado de Iowa, tradicionalmente o primeiro a votar, escolheram Trump em uma vitória histórica. Ele obteve 51%, contra 21% de DeSantis e 19% de Haley. Ninguém havia vencido uma disputa em Iowa por mais de 12 pontos de diferença para o segundo candidato antes.

Ligações políticas

Muitos republicanos haviam depositado suas esperanças em DeSantis, considerado por alguns como uma estrela em ascensão da direita.

Depois de ter conseguido a reeleição no ano passado por mais de 1,5 milhão de votos, a maior margem no estado em mais de 40 anos, ele foi apontado como o homem que levaria adiante o movimento "America First" (América em primeiro lugar, em português), mote de Trump.

Mas sua candidatura, anunciada no fim de maio, teve dificuldades para estabelecer-se como uma ameaça para Trump. As manchetes da mídia norte-americana passaram a descrever a sua campanha como "em modo de sobrevivência", após seu desempenho ruim em Iowa.

Neste fim de semana, já havia cancelado todas suas entrevistas televisivas, pressagiando sua decisão.

O ex-oficial da Marinha, criticado por sua falta de carisma, foi eleito governador da Flórida em 2018 com o apoio fundamental do então presidente.

DeSantis era um membro pouco conhecido da Câmara dos Representantes dos EUA quando se aproximou de Trump, que, em contrapartida, deu suporte para uma série de leis conservadoras propostas por DeSantis, que incluiu a restrição do aborto e o afrouxamento das leis sobre armas.

Desde então, se distanciou por alguns momentos do ex-presidente, mas ganhou notoriedade por suas posturas extremistas em temas como educação, imigração e direitos da comunidade LGBT, o que o mantinha sempre na órbita do trumpismo.

DeSantis aparece quase diariamente na imprensa para engajar-se em guerras culturais contra políticos, empresas e professores "progressistas" aos quais acusa de impor sua ideologia aos americanos.

Também se uniu a outros governadores republicanos no envio de emigrantes a cidades democratas do norte e leste dos Estados Unidos.

Terceira via

Em nota, Haley alertou que os Estados Unidos "não são um país de coroações". A candidata defendeu que não é hora de antecipar uma vitória: "Até agora, apenas um estado votou. Metade dos seus votos foram para Donald Trump, e a outra metade não. Os eleitores merecem opinar sobre se vamos pelo caminho de Trump e Biden novamente, ou se vamos por um novo caminho conservador."

Haley vinha se abstendo de lançar polêmicas em torno da candidatura de Trump, mas na última semana começou a questionar a sua saúde mental, fazendo comparações entre o antigo e o atual presidente e candidato à reeleição, o democrata Joe Biden. Em um evento em Seabrook, New Hampshire, disse que DeSantis "fez uma grande corrida, foi um bom governador. Desejamos-lhe o melhor."

"Dito isso, agora resta um homem e uma mulher", continuou. "Isso se resume a 'o que você quer'. Você quer mais do mesmo ou quer algo novo?", provocou ao se dirigir à platéia.

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postado em 22/01/2024 06:00
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