Na próxima semana, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) iniciará seu maior exercício militar "em décadas", uma operação de vários meses que deverá mobilizar pelo menos 90 mil soldados. Segundo a agência de notícias France-Presse, esta será a maior simulação bélica da aliança ocidental em 36 anos, desde pouco antes do colapso da União Soviética. Ela coincide com o momento em que a Otan revisa suas estratégias de defesa após a invasão russa da Ucrânia.
Batizado de "Steadfast Defender" ("Defensor Firme"), o exercício da aliança atlântica se estenderá até maio e envolverá 31 países da Otan, além da Suécia, que oficializou o desejo de adesão ao bloco. "Será uma demonstração clara de nossa unidade, de nossa força e de nossa determinação em protegeremos uns aos outros", declarou o general norte-americano Christopher Cavoli, chefe do Comando da Otan para a Europa. No total, participarão das manobras militares 50 navios, 80 aeronaves e mais de 1,1 mil veículos de combate.
Os exercícios — uma série de manobras menores — serão realizados desde a América do Norte até o flanco oriental da Otan, perto da fronteira com a Rússia. Por sua vez, o chefe do Comitê Militar, o almirante holandês Rob Bauer, comentou que os países da aliança devem estar preparados para enfrentar adversários como a "Rússia ou os grupos terroristas". "Não estamos buscando conflito, mas, se nos atacam, temos que estar prontos", advertiu. Os países da Otan precisam "ter planos, e por isso estamos nos preparando para um conflito", disse Bauer. Ele ressaltou que se trata de um número "recorde de tropas".
Bauer afirmou, ainda, que as tropas terrestres russas foram afetadas pela guerra na Ucrânia, mas apontou que a Marinha e a Força Aérea seguem sendo forças "consideráveis". Segundo o militar, os esforços da Rússia para reconstruir sua capacidade bélica foram dificultados pelo impacto das sanções ocidentais, mas que Moscou segue tendo a habilidade de aumentar a produção de artilharia e de mísseis. Sobre o conflito na Ucrânia, iniciado em fevereiro de 2022, Bauer indicou que ainda há intensos combates, mas que a linha de frente "não se move muito em um sentido ou outro".
Até o fechamento desta edição, a Rússia não tinha comentado, diretamente, o exercício anunciado pela Otan. Serguei Lavrov, ministro das Relações Exteriores do governo de Vladimir Putin, lembrou que Moscou jamais ameaçou usar armas nucleares, "ao contrário do Ocidente". "Tudo o que dizem é que Putin está prestes a usar uma bomba nuclear, embora tal coisa jamais tenha sido proferida, em contraste com os europeus ou os norte-americanos", comentou.
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