Um helicóptero que ficou desaparecido por 12 dias e cuja queda levou à morte de quatro pessoas "colidiu com a vegetação" de uma região de mata em Paraibuna (SP), segundo informações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), divulgadas nesta quarta-feira (17/01)
Entretanto, o Cenipa afirma suas investigações "não buscam o estabelecimento de culpa ou responsabilidade" e nem visam "comprovar qualquer causa provável de um acidente", mas sim "elaborar hipóteses que permitem entender as circunstâncias que podem ter culminado na ocorrência".
Estes são considerados resultados preliminares da investigação da FAB, responsável pela apuração sobre o acidente.
O helicóptero partiu do aeroporto de Campo de Marte, em São Paulo (SP), com destino a Ilhabela (SP). O contato com as torres de comando foi perdido em 31 de dezembro.
Após 12 dias de buscas, a Polícia Militar confirmou na sexta-feira (12/01) que o helicóptero foi encontrado caído em floresta densa em Paraibuna e que nenhum dos quatro ocupantes da aeronave sobreviveu à queda.
As quatro vítimas são Luciana Rodzewics, de 45 anos, e a filha Letícia Ayumi, de 20; além do amigo delas, Raphael Torres, 41, e do piloto Cassiano Tete Teodoro, de 44.
Momentos antes de a aeronave de desaparecer, Letícia fez um vídeo no helicóptero mostrando que o tempo estava fechado.
A aeronave não tinha qualquer tipo de localizador ou caixa preta, segundo as autoridades.
Em meio a casos como esse, surge o questionamento: afinal, quais são os principais motivos para acidentes envolvendo helicópteros no Brasil?
Julgamento de pilotagem, aplicação de comandos, planejamento de voo, supervisão gerencial, indisciplina de voo, manutenção da aeronave, entre outros, explicam quase a metade (47,7%) dos acidentes registrados pelo Cenipa, órgão responsável pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), entre 2013 e 2023.
Esses fatores estão agrupados no que o órgão chama de "desempenho técnico do ser humano", o motivo mais recorrente para acidentes de helicópteros nos últimos dez anos, seguido por aspectos psicológicos (31%) e aqueles relacionados ao ambiente operacional (9%).
Os aspectos psicológicos envolvem fatores descritos como processo decisório, atitude, capacitação e treinamento, percepção e processos organizacionais.
Já aqueles relacionados ao ambiente operacional incluem principalmente condições meteorológicas adversas, além da presença de aves.
Os demais aspectos, com menos de 5% cada, são infraestrutura aeroportuária, aspectos médicos, entre outros.
Helicópteros: um em cada dez acidentes aéreos no Brasil
De 2013 a 2023, os acidentes com helicópteros no Brasil representaram pouco mais de um em cada dez acidentes aeronáuticos no país.
Foram registrados 191 acidentes com helicópteros no período, segundo o Cenipa, de um total de 1.756 acidentes aeronáuticos no período — compostos principalmente por casos envolvendo aviões (1.272).
Segundo a Força Aérea Brasileira, um acidente aeronáutico ocorre quando: qualquer pessoa sofre lesão grave ou morra em decorrência de sua presença na aeronave (exceto quando as lesões resultarem de causas naturais, forem autoinfligidas ou infligidas por terceiros); a aeronave sofre dano ou falha estrutural que afete adversamente a resistência estrutural, o seu desempenho ou as suas características de voo; quando a aeronave é considerada desaparecida ou o local onde se encontra seja absolutamente inacessível.
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