GUERRA

O que prevê novo acordo entre Israel e Hamas envolvendo reféns

O pacto foi mediado pelo Catar e pela França. Guerra em Gaza já passou dos 100 dias, com mais de 24 mil mortos.

Cerca de 85% da população de Gaza foi deslocada de suas casas -  (crédito: EPA)
Cerca de 85% da população de Gaza foi deslocada de suas casas - (crédito: EPA)
Refugiados em barraca precária em Gaza
EPA
Cerca de 85% da população de Gaza foi deslocada de suas casas

Israel e Hamas chegaram a um acordo para permitir o reforço da ajuda humanitária enviada à Faixa de Gaza, segundo informações divulgadas pelos mediadores das negociações.

O pacto, mediado pelo Catar e pela França, prevê a entrega de medicamentos aos reféns detidos pelo Hamas. Em troca, Israel permitirá a entrada de mais suprimentos básicos no enclave palestino.

Após três meses de bombardeios israelenses, a situação na Faixa de Gaza é grave.

Segundo as autoridades locais, mais de 50% das casas foram destruídas, danificadas ou se tornaram inabitáveis desde o início do conflito. Quase 2 milhões de pessoas – 85% da população local – fugiram de suas casas.

Os ataques de Israel foram uma resposta à invasão do Hamas em 7 de outubro de 2023, quando cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 240 foram feitas reféns.

Mas após o novo acordo divulgado, os Estados Unidos disseram estar esperançosos de que novas negociações possam levar à libertação de mais reféns.

O enviado dos EUA para o Oriente Médio esteve no Catar para discutir o acordo, disse o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, nesta terça-feira (16/1).

As discussões foram “muito sérias e intensas”, acrescentou. “Temos esperança de que dará frutos e dará frutos em breve.”

Anteriormente, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, já havia anunciado o acordo sobre a ajuda humanitária.

Segundo o acordo, os suprimentos humanitários deixarão a capital do Catar, Doha, com destino ao Egito nesta quarta-feira. A ajuda será então levada para Gaza, para ser entregue aos civis, enquanto os medicamentos chegarão aos reféns israelenses.

Um cessar-fogo temporário acordado entre os dois lados em dezembro permitiu a libertação de cerca de 100 pessoas presas pelo Hamas. Acredita-se que mais de 132 reféns ainda estejam detidos em Gaza.

Em uma carta enviada ao gabinete de guerra de Israel após o fim do cessar-fogo, um grupo formado pelas famílias dos reféns disse que muitos estavam precisando de cuidados médicos regulares e alguns estavam correndo riscos sérios.

Na semana passada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que David Barnea, chefe da agência nacional de inteligência de Israel, a Mossad, abordou o Catar para garantir um acordo para o fornecimento dos medicamentos necessários.

Na terça-feira, Netanyahu emitiu uma declaração expressando “o seu agradecimento a todos aqueles que ajudaram neste esforço”.

Mulher segura cartaz que diz 'Traga-os para casa', em referência aos reféns mantidos pelo Hamas em Gaza
Getty Images
Grupo formado pelas famílias dos reféns mantidos pelo Hamas disse que muitos estavam precisando de cuidados médicos regulares

Os ataques do Hamas em outubro desencadearam o intenso bombardeamento de Gaza por Israel, que já matou mais de 24.000 pessoas, a maioria delas mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde gerido pelo Hamas.

Embora mais ajuda esteja a caminho de Gaza agora, o chefe humanitário da ONU descreveu a situação como “intolerável”.

Israel está sob crescente pressão internacional para considerar um cessar-fogo ou uma pausa humanitária em Gaza diante da escala do sofrimento civil.

Mesmo o seu aliado mais próximo, os EUA, que defende consistentemente o direito de Israel à autodefesa, disse repetidamente ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que o número de mortos civis é “elevado demais”.

Na semana passada, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, citou números da ONU de que 90% da população continua a enfrentar grave insegurança alimentar, acrescentando: “Para as crianças, os efeitos de longos períodos sem comida suficiente podem ter consequências para toda a vida”.

“Mais alimentos, mais água, mais medicamentos e outros bens essenciais precisam entrar em Gaza.”

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

BBC
Henri Astier - BBC News
postado em 17/01/2024 08:29 / atualizado em 17/01/2024 10:57
x