A data escolhida por Joe Biden para iniciar a campanha democrata não foi por acaso. A 10 meses das eleições norte-americanas e na véspera do terceiro aniversário da invasão ao Capitólio por uma horda de simpatizantes de Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos chamou o antecessor de "desprezível", acusou-o de "colocar uma adaga contra a garganta da democracia" no país e advertiu que o magnata republicano ainda está disposto a sacrificar um dos principais valores da nação.
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O atual inquilino da Casa Branca associou Trump à retórica nazista. "Trump fala sobre o sangue dos americanos estar envenenado, ecoando a mesma linguagem usada na Alemanha nazista", declarou Biden — em menção a declarações do republicano sobre migrantes que cruzam a fronteira com o México. Trump reagiu e disse que Biden tenta "incutir medo" no eleitor. Também avisou que as eleições de 5 de novembro serão "a última chance de salvar a América".
O discurso em um colégio de Blue Bell, subúrbio de Filadélfia, na Pensilvânia, foi uma tentativa de Biden de marcar posição e alertar os eleitores sobre os riscos à democracia, no momento em que as pesquisas colocam Trump na dianteira. "Trump viu fraqueza em nossa democracia, eu vi força", asssegurou o chefe de Estado. "A questão mais urgente do nosso tempo é se a democracia se mantém como a causa sagrada dos EUA. É disso que se trata a eleição de 2024." Biden também disse acreditar que Trump está obcecado com o passado. "Ele quer sacrificar nossa democracia para se colocar no poder. (...) Trump e seus apoiadores do MAGA (o lema 'Façamos a América Grande Novamente') não apenas abraçam a violência política, mas também zombam dela."
Em 6 de janeiro de 2021, uma quarta-feira, o documentarista britânico Nick Quested chegou ao Capitólio pouco antes das 10h30 (12h30 em Brasília). Sua intenção era produzir um filme sobre os dois extremos da polarização política nos Estados Unidos. "Os Proud Proud Boys começavam a marcha, descendo pelo National Mall. Imediatamente, peguei a câmera e comecei a filmar. O interessante é que senti que aquele seria um dia muito diferente. Estive com os Proud Boys em outros comícios e, naquela ocasião, todos estavam bastante sérios e mais focados. Não havia piadas. Havia um novo grupo de pessoas que usavam chapéus laranja e eram procedentes do Arizona. Elas estavam particularmente mal-humoradas", contou ao Correio, por telefone, ao citar um dos grupos de extrema-direita envolvidos no ataque ao Congresso.
"O que mais me chocou foi o ponto de inflexão, o momento da queda das barreiras que isolavam o Capitólio. Vi Ryan Samsel, um dos membros do Proud Boys, colocar suas mãos em volta de Joe Biggs, outro integrante. Naquele momento, corri e vi que a multidão estava concentrada em derrubar a cerca. Eu podia sentir o peso da massa empurrando, em meio aos gritos e cânticos", relatou o documentarista de 50 anos. Quested admite que a democracia esteve "no limite". "Se Mike Pence tivesse feito o que Trump lhe ordenou que fizesse, teríamos um novo sistema de governo. Se os Proud Boys mantivessem a presença dentro do Capitólio, veríamos o adiamento do processo constitucional e os congressistas teriam sido feito reféns lá dentro. A democracia é frágil. Se não trabalhamos nisso, ela fracassará", advertiu.
Ele lembra que, em 8 de janeiro de 2023, o Brasil seguiu exatamente o mesmo roteiro dos EUA, com os mesmos atores. Quested sublinhou que Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, se reuniu com representantes do ex-presidente Jair Bolsonaro para discutir meios de semear dúvida nas eleições de 2022.
Colorado
A Suprema Corte dos EUA concordou nesta sexta-feira (5/1) em analisar a decisão da Justiça do Colorado de remover Trump das primárias republicanas. A máxima instância do Judiciário norte-americano agendou para 8 de fevereiro a audiência para escutar os argumentos orais. Em 19 de dezembro, a maioria de um tribunal do Colorado considerou que o republicano está desqualificado para ocupar o cargo de presidente por ter se rebelado em 6 de janeiro de 2021.
Na ocasião, a Corte aplicou os termos da 14ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos. Em 3 de janeiro, Trump apelou à Suprema Corte para que anulasse a sentença do Colorado. O estado do Maine também bloqueou a participação do ex-mandatário nas prévias presidenciais.
Estado de Nova York pede US$ 370 bilhões de Trump
O Estado de Nova York pediu US$ 370 milhões (cerca de R$ 1,8 bilhão) do ex-presidente Donald Trump no processo judicial no qual ele é acusado de inflar artificialmente o valor de suas propriedades, de acordo com documentos do processo divulgados ontem. A quantia exigida é muito maior do que os US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão) que a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, tinha anunciado que buscaria quando iniciou o processo em 2022. "Eu não fiz nada de errado. Minhas declarações financeiras são boas e muito conservadoras", reagiu Trump.
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