O grupo autodenominado Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria dos atentados a bomba na quarta-feira (3/1) perto do túmulo do general iraniano Qasem Soleimani.
Uma multidão se reunia no local para marcar o quarto aniversário do assassinato do militar, arquitetado pelos Estados Unidos por meio de um ataque de drones.
O ataque de quarta-feira, perto da mesquita Saheb al-Zaman, na cidade de Kerman, no sul do país, matou 84 pessoas e feriu várias outras.
O número de mortos foi revisado para baixo na manhã de quinta-feira (4/1) pelo chefe dos serviços de emergência do Irã, ante um número anterior de 95.
Inicialmente, o Irã tinha acusado Israel e os EUA pelos ataques.
O EI assumiu o atentado em seus canais no Telegram.
O grupo também divulgou uma foto em seu site de notícias Amaq mostrando dois homens mascarados que teriam sido os responsáveis ??pelos ataques.
Segundo o EI, o primeiro homem-bomba detonou seu cinto de explosivos no meio de uma multidão; 20 minutos depois, foi a vez do segundo homem-bomba.
O EI identificou os homens como "Omar al-Muwahhid" e "Sayfullah al-Mujahid". São nomes comuns que tornam difícil determinar se os autores do atentado eram iranianos ou estrangeiros.
Nos últimos anos, o EI já tinha realizado ataques contra civis e forças de segurança no Irã em diversas ocasiões.
O grupo celebrou a morte, em 2020, do general Soleimani, cujas milícias combateram o EI no Iraque durante anos.
Inicialmente, o número oficial de mortes divulgado foi de 103.
Posteriormente, no entanto, o ministro da Saúde do Irã retificou a informação, dizendo que alguns dos nomes haviam sido contados mais de uma vez.
Segundo dados citados pela emissora estatal Irib e atribuídos ao departamento local de serviços de emergência, outras 141 pessoas ficaram feridas nas explosões.
Alguns dos feridos estão em estado crítico.
Depois do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, Soleimani era visto como a figura mais poderosa do Irã. Ele foi morto pelas forças americanas no vizinho Iraque, em 2020.
O incidente de quarta-feira ocorre em meio ao aumento das tensões na região.
Imagens transmitidas pela TV estatal mostraram que centenas de pessoas estavam reunidas na periferia leste de Kerman quando ocorreram as duas explosões.
A imprensa iraniana informou que a primeira explosão ocorreu às 14h50 no horário local (8h20 em Brasília), a cerca de 700 m do cemitério do Jardim dos Mártires, ao redor da mesquita Saheb al-Zaman.
A segunda teria ocorrido cerca de 15 minutos depois, a cerca de 1 km do cemitério.
'Vimos pessoas caindo'
A agência de notícias Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária do Irã, citou fontes que afirmaram que "dois sacos contendo bombas" foram aparentemente detonados "por controle remoto".
"Estávamos caminhando em direção ao cemitério quando de repente um carro parou atrás de nós e uma lata de lixo contendo uma bomba explodiu", afirmou uma testemunha citada pela agência Isna
"Só ouvimos o som da explosão e vimos pessoas caindo."
O Crescente Vermelho, organização de ajuda humanitária muçulmana, disse que entre os mortos está pelo menos um paramédico que foi enviado ao local da primeira explosão e atingido pela segunda.
Imagens parecem mostrar que o túmulo de Soleimani não foi danificado.
Como comandante do braço de operações externas da Guarda Revolucionária, a Força Quds, ele foi o responsável pela política iraniana em toda a região.
Soleimani foi o responsável pelas missões clandestinas da Força Quds e pelo fornecimento de dinheiro, orientação, armas, inteligência e apoio logístico a governos aliados e grupos armados, incluindo o Hamas e o Hezbollah.
O então presidente dos EUA, Donald Trump, que ordenou o assassinato em 2020, descreveu Soleimani como "o terrorista número um em qualquer lugar do mundo".
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