Guerra no Oriente Médio

Israel mata 76 pessoas da mesma família em bombardeio; 200 palestinos são presos

Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram que tropas prenderam centenas de supostos terroristas em Gaza durante a semana passada

Mais de 90 palestinos, incluindo 76 pessoas de uma mesma família, foram mortos em ataques aéreos israelenses contra duas casas, de acordo com equipes de resgate e funcionários de hospitais neste sábado, 23, um dia depois de secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertar novamente que nenhum lugar é seguro na Faixa de Gaza e que a ofensiva de Israel está criando "grandes obstáculos" à distribuição de ajuda humanitária no enclave palestino.

Também no sábado, as Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram que tropas prenderam centenas de supostos terroristas em Gaza durante a semana passada e transferiram mais de 200 deles para Israel para interrogatórios adicionais, fornecendo detalhes raros sobre uma política controversa de detenções em massa de palestinos. O Exército de Israel disse que mais de 700 pessoas com supostas ligações com os grupos terroristas Hamas e Jihad Islâmica foram enviadas até agora para prisões israelenses.

Israel declarou guerra contra o grupo terrorista Hamas após os terroristas invadirem o território israelense e matarem 1.200 pessoas no dia 7 de outubro, além de terem levado 240 reféns para a Faixa de Gaza. Tel-Aviv tem realizado desde então uma série de bombardeios aéreos e ofensivas terrestres no enclave palestino.

Apesar dos crescentes apelos internacionais para um cessar-fogo, Israel prometeu continuar a luta até que o grupo terrorista Hamas seja destruído e retirado do poder em Gaza e todos os reféns sejam libertados. A administração do presidente dos EUA, Joe Biden, segue apoiando e protegendo Israel na arena diplomática. Na sexta-feira, 22, o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução diluída que apela à aceleração imediata do fornecimento de ajuda a civis em Gaza, mas não a um cessar-fogo.

O Ministério da Saúde em Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas, disse na noite de sábado que 201 pessoas foram mortas nas últimas 24 horas. Na sexta-feira, ataques aéreos destruíram duas casas, uma na cidade de Gaza e outra no campo de refugiados urbanos de Nuseirat, no centro do território.

Ofensiva

Israel culpa o Hamas pelo elevado número de mortes de civis, citando o uso de áreas residenciais lotadas e túneis por terroristas.

A ofensiva de Israel tem sido uma das campanhas militares mais devastadoras da história recente, deslocando quase 85% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza e prejudicando a infraestrutura de grandes áreas do pequeno enclave costeiro. Mais de meio milhão de pessoas em Gaza - um quarto da população - estão passando fome, de acordo com um relatório publicado esta semana pelas Nações Unidas e outras agências.

O porta-voz das FDI, Daniel Hagari, apontou na sexta-feira, 22, que as forças estão ampliando a ofensiva terrestre "para áreas adicionais de Gaza, com foco no sul". Ele disse que as operações também continuam no norte do enclave palestino, o foco inicial da ofensiva terrestre de Israel.

Detenções

O grupo terrorista Hamas criticou as detenções de Tel-Aviv no enclave palestino. Segundo informações da AP, alguns dos detentos libertados afirmaram que foram espancados e com pouco acesso a água. Os militares de Israel negaram as acusações de abuso e disseram que aqueles que não tinham ligações com terroristas foram rapidamente libertados.

Israel afirma ter matado milhares de terroristas do Hamas, incluindo cerca de 2 mil nas últimas três semanas, mas não apresentou provas. Tel-Aviv aponta que 139 soldados israelenses foram mortos durante as operações em Gaza.

Ajuda humanitária

Não ficou imediatamente claro como e quando a entrega de ajuda humanitária que foi acordada na ONU seria acelerada. Atualmente, os caminhões entram por duas passagens - Rafah, na fronteira com o Egito, e Kerem Shalom, na fronteira com Israel. Na sexta-feira, menos de 100 caminhões entraram na Faixa de Gaza, segundo a ONU - muito abaixo da média diária de 500 antes da guerra.

Ambas as passagens foram fechadas no sábado por acordo mútuo entre Israel, Egito e a ONU, segundo autoridades israelenses.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apontou na sexta-feira que é um erro medir a eficácia da operação humanitária pelo número de caminhões.

"O verdadeiro problema é que a forma como Israel está conduzindo esta ofensiva está criando enormes obstáculos à distribuição de ajuda humanitária dentro de Gaza", disse ele. Guterres sinalizou que "é necessário muito mais imediatamente" para acabar com o "pesadelo" para as pessoas em Gaza.

 

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