Três reféns israelenses mortos por engano na sexta-feira (15/12) por soldados em Gaza usaram restos de comida para escrever cartazes pedindo ajuda, diz Israel.
Os homens estavam "há algum tempo" no prédio próximo ao local onde foram baleados, segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI).
Acredita-se que cerca de 120 reféns ainda estejam em cativeiro na faixa de Gaza, detidos pelo Hamas e grupos palestinos aliados.
Israel está sob crescente pressão por um acordo que liberte mais reféns.
Autoridades israelenses admitiram que matar os três homens que seguravam uma bandeira branca foi uma violação das "regras de combate".
Eles foram raptados e levados para Gaza durante os ataques do Hamas, em 7 de outubro, que mataram cerca de 1.200 pessoas no sul de Israel.
Israel lançou uma operação de retaliação em larga escala que afirma ter como objetivo destruir o Hamas.
Mais de 18 mil pessoas foram mortas em Gaza desde então, segundo as autoridades de saúde locais, controladas pelo Hamas, e centenas de milhares de outras pessoas foram expulsas das suas casas.
Os reféns israelenses – Yotam Haim, de 28 anos, Samer Talalka, 22, e Alon Shamriz, 26 – foram mortos no bairro de Shejaiya, na cidade de Gaza, na sexta-feira, onde as tropas israelenses enfrentam forte resistência.
De acordo com um oficial militar israelense, que falou sob condição de anonimato, os homens saíram de um prédio sem camisa, um deles carregando uma vara com um pano branco.
Um dos militares, acrescentou o oficial, sentiu-se ameaçado, pois os homens estavam a uma distância de dezenas de metros e os declarou "terroristas", abrindo fogo.
Dois foram mortos imediatamente, enquanto o terceiro, ferido, voltou ao prédio.
Enquanto isso, o Ministério da Saúde de Gaza afirma que ataques aéreos israelenses mataram pelo menos mais 90 pessoas no campo de refugiados de Jabalia no domingo (17/02).
A BBC não conseguiu confirmar este número.
Os ataques atingiram um bloco residencial que abriga duas famílias, disse o ministério.
'SOS'
Antes dos militares israelenses abrirem fogo contra os reféns, um grito de socorro foi ouvido em hebraico e o comandante do batalhão ordenou que as tropas cessassem os disparos.
O refém ferido reapareceu mais tarde e foi baleado e morto, disse o oficial.
Não está claro se os reféns foram abandonados pelos seus captores ou escaparam.
No domingo, as IDF afirmaram que foi realizada uma busca no prédio, revelando as mensagens "SOS" e "Socorro, 3 reféns" escritas em tecido.
As autoridades israelenses acreditam que os reféns já estavam lá há algum tempo.
Desde o fim de um cessar-fogo temporário entre Israel e o Hamas no início deste mês, as famílias dos reféns instaram o governo israelense a chegar a uma nova trégua para que pelo menos alguns dos reféns sejam libertados.
O acordo inicial levou à libertação de mais de 100 reféns, em troca de palestinos detidos em prisões israelenses.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu rejeitou os apelos, insistindo que "a pressão militar é necessária tanto para o regresso dos reféns como para a vitória".
No meio do crescente número de vítimas civis palestinas, as autoridades israelenses têm estado sob crescente pressão internacional, incluindo por parte do principal aliado do país, os EUA.
No domingo, a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, foi a Israel pedindo uma "trégua imediata e duradoura".
O seu homólogo israelense, Eli Cohen, disse que um cessar-fogo seria um erro, descrevendo-o como um presente ao Hamas.
Reino Unido e Alemanha também apelaram a um "cessar-fogo sustentável", embora não tenham afirmado que ele deveria ser imediato.
Vastas áreas da Faixa de Gaza foram destruídas pelo bombardeio israelense e as Nações Unidas alertam para uma catástrofe humanitária no meio de uma escassez generalizada de abastecimentos básicos.
Imagens nas redes sociais no domingo mostraram residentes de Gaza subindo em caminhões de ajuda humanitária.
Sem pausar os combates, as FDI publicaram imagens do que disseram ser o maior túnel de ataque do Hamas até agora.
O túnel - em alguns lugares amplo o suficiente para a passagem de carros - ficava a cerca de 400 metros da passagem de fronteira de Erez com Israel, disse as FDI.