A médica e dissidente chinesa Gao Yaojie, reconhecida pelo seu papel como ativista contra a epidemia de aids na China, morreu nos Estados Unidos aos 95 anos.
A ginecologista, que se mudou para Nova York em 2009, morreu em sua casa no último domingo (10), informou à AFP Andrew Nathan, cientista político da Universidade de Columbia, que cuida dos interesses da médica nos Estados Unidos.
Gao ficou conhecida por denunciar a origem e as condições da epidemia de aids enfrentada por trabalhadores rurais da província chinesa de Henan na década de 1990, um movimento que as autoridades tentaram esconder.
Embora sua saúde estivesse "frágil há vários anos, e passasse a maior parte do tempo na cama", a médica estava em condição estável, o que tornou sua morte "repentina e inesperada", acrescentou Nathan.
A chinesa foi uma das primeiras a reconhecer que a misteriosa doença estava matando agricultores em meados da década de 1990 na região central de Henan, e percebeu que muitos deles tinham contraído a aids ou o vírus HIV ao venderem o seu sangue em programas governamentais sob condições sanitárias inadequadas.
As autoridades estimam que ao menos um milhão de trabalhadores rurais contraíram o vírus em Henan desta forma.
Gao foi reconhecida internacionalmente, mas durante anos teve o passaporte negado e permaneceu sob vigilância das autoridades.
A China finalmente admitiu a crise em 2001 e em 2004 homenageou-a pelo seu trabalho. Mas em 2007, a ativista foi colocada em prisão domiciliar para impedir que viajasse aos Estados Unidos para receber um prêmio da então senadora americana Hillary Clinton.
Após a intervenção da senadora e do então presidente chinês, Hu Jintao, as autoridades cederam.
Ela é "simplesmente uma das pessoas mais corajosas que conheço", disse Clinton em 2019, quando publicou a foto de uma visita a Gao em Nova York.
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