Hong Kong realiza, neste domingo (10), eleições para conselhos distritais nas quais apenas candidatos "patriotas" poderiam concorrer, devido a uma reforma e a uma campanha de repressão que visa vetar a participação da oposição.
No período anterior, estas eleições locais coincidiram com os protestos massivos de 2019 e, na ocasião, os setores pró-democracia obtiveram uma ampla vitória, com uma participação histórica de 71%.
Mas, em um sinal da repressão generalizada contra a oposição em Hong Kong e no contexto de uma política promovida pelo governo chinês, as autoridades da cidade reformaram este ano a composição do conselho distrital.
De acordo com as novas regras anunciadas em maio, os assentos ocupados por funcionários eleitos por sufrágio direto foram reduzidos de 432 para 88, sendo os restantes 382 ocupados pela autoridade da cidade, por pessoas leais ao governo e por proprietários de terra rurais.
Os candidatos devem ser nomeados por três comitês designados pelo governo, o que deixa de fora os partidos pró-democracia.
Setores dissidentes do governo alegaram que as novas regras, ditadas para estas e outras eleições em Hong Kong, são uma forma de garantir que os cargos de poder sejam ocupados apenas por pessoas consideradas "patriotas" aos olhos do governo chinês.
O chefe de governo de Hong Kong, John Lee, afirmou que esta eleição é "a última peça do quebra-cabeça para implementar o princípio dos patriotas que governam Hong Kong".
"De agora em diante, os conselhos distritais não serão mais o que eram no passado: uma plataforma para destruir e rejeitar o governo, promover a independência de Hong Kong e pôr em perigo a segurança nacional", declarou Lee após votar.
As autoridades tentaram gerar entusiasmo enchendo a cidade com cartazes convidando as pessoas a votar devido ao receio de uma baixa participação.
"Devem ser os patriotas que governam Hong Kong, esse é o nosso princípio", comentou um engenheiro de sobrenome Lee antes de votar. Ele acrescentou que "a eleição não será afetada só porque algum candidato não pode participar".
Os conselheiros distritais em Hong Kong lidam principalmente com questões locais, como transporte e infraestrutura pública.