Polêmica

Venezuelanos definem em referendo o futuro da Guiana

A expectativa é que o resultado do referendo seja revelado nesta segunda-feira (04/12). Porém, se for em favor da anexação servirá efetivamente para o presidente Nicolás Maduro intensificar as ações militares

Dois dias após a Corte Internacional de Justiça (CIJ) vetar a anexação de 70% da Guiana à Venezuela, o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, convocou 20,7 milhões de 30 milhões de venezuelanos, porém, o comparecimento registrou baixa adesão ao referendo consultivo —que reivindica o direito sobre a região de Essequibo, um território rico em petróleo, gás, diamante e ouro. O horário de votação foi estendido por mais duas horas, acabando às 21h de Brasília. Até o fechamento da edição o resultado oficial não foi divulgado.

A área faz fronteira com o Brasil e a Venezuela. Militares e diplomatas brasileiros estão em alerta. A consulta e o resultado, efetivamente, não alteram a situação, mas favorece  Maduro a atuar em eventuais negociações sobre a área de 160.000 km2 onde vivem cerca de 125.000 habitantes. O esforço do governo venezuelano é para respaldar ações militares para anexar à força a região.

O referendo reuniu cinco perguntas em torno do mesmo tema: se a Venezuela deve criar uma província chamada "Guiana Esequiba" e outorga da nacionalidade aos habitantes da região. De Georgetown, capital da Guiana, o presidente guianês, Irfaan Ali, reagiu às ações de Maduro. "Acreditamos que a Justiça e não a força deve ser o juiz das disputas internacionais", afirmou ele.

Maduro não poupou insultos a Ali, além das duras declarações, mobilizou tropas e exercícios militares nas bases americanas em Guiana. O presidente venezuelano fez intensa campanha em favor da anexação, apelando para o patriotismo.

Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o "bom senso" entre Venezuela e Guiana. "Espero que o bom senso prevaleça, do lado da Venezuela e do lado da Guiana", disse Lula em Dubai, nos Emirados Árabes, onde participa da COP28 sobre a mudança climática.  "O que a América do Sul não está precisando é de confusão", acrescentou o presidente brasileiro.

"Vemos com preocupação esse ambiente tensionado entre dois países vizinhos e amigos", afirmou  a embaixadora Gisela Maria Figueiredo, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty.  "[É importante que] no momento em que várias regiões do mundo estão com conflitos militares, a América do Sul permaneça um ambiente de paz e cooperação."

A Venezuela argumenta que o rio Essequibo é a fronteira natural, como foi em 1777 quando era Capitania Geral do Império Espanhol. No dia 1º, a CIJ, com sede em Haia, decidiu a favor da Guiana e contra a realização do referendo.

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