O grupo terrorista Hamas assumiu a autoria de um ataque armado que deixou três mortos em Jerusalém, e chamou a ação de "escalada da resistência" contra Israel. Além dos três colonos assassinados, morreram também dois integrantes do movimento extremista islâmico. A ação ocorreu nesta quinta-feira (30/11) no momento em que foi prorrogada a trégua na guerra com Israel por mais um dia. As informações foram confirmadas pelo comando do Hamas.
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"Os irmãos Murad Nemr, de 38 anos, e Ibrahim Nemr, de 30, membros das brigadas Ezzedin al-Qasam de Sur Baher se sacrificaram em uma operação" que "matou três colonos e feriu outros vários", informou em comunicado o Hamas.
Os dois irmãos do Hamas usaram um carro até o local do ataque. Um homem usava um fuzil do tipo M-16 e o outro uma pistola, ambos fizeram os disparos, nas primeiras horas da manhã. Os dois homens foram mortos por soldados à paisana e um civil que atirou contra eles. O porta-voz da polícia identificou as três vítimas como duas mulheres de 67 e 24 anos e um homem de 73 anos, todos israelenses.
O ataque ocorreu pouco depois do anúncio de uma nova prorrogação da trégua entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. Em outro ataque na Cisjordânia ocupada, dois soldados israelenses foram feridos em um posto de controle, informou o Exército, explicando que "os soldados no local do ataque dispararam e neutralizaram o agressor".
Heróis
Para o Hamas, os dois soldados do grupo armado mortos são heróis. "Os nossos heróis estão dispostos a vingar o sangue dos mártires", diz o comunicado. Para o presidente israelense, Isaac Herzog, o ataque é um exemplo da "guerra sem fim que estamos travando contra organizações terroristas, especialmente o Hamas".
O secretário de Estado americano, Anthony Blinken, que estava visitando Israel, classificou como mais um lembrete da ameaça que "os israelenses enfrentam todos os dias". A guerra entre o Hamas e Israel começou após o ataque realizado pelo movimento extremista em solo israelense em 7 de outubro, provocando 1.200 mortos e 240 sequestrados.
Em resposta, Israel bombardeou incessantemente a Faixa de Gaza até o início da trégua, causando quase 15 mil mortes, segundo o governo do Hamas. Os que mais sofrem são as crianças, as gestantes, os pacientes em tratamento hospitalar e os idosos.
Libertação
Paralelamente, o Hamas liberta, aos poucos, reféns que estão sob seu poder desde outubro. Na noite de ontem, duas mulheres israelenses foram libertadas na Faixa de Gaza. A promessa é de libertar mais oito. O Exército israelense anunciou que duas reféns foram entregues ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e estavam "a caminho de Israel", acrescentando que mais reféns "serão entregues [...] nas próximas horas".
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, as identificou como Mia Shem, franco-israelense de 21 anos, e Amit Soussana, de 40 anos. Dos 10 reféns, dois são russos. Em troca, Israel deve libertar o triplo de presos palestinos.
A trégua entre Israel e Hamas entrou em vigor em 24 de novembro e teve algumas prorrogações. O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, em reunião com o presidente de Israel, Isaac Herzog, em Tel Aviv, elogiou a trégua. "Está dando resultados, é importante e esperamos que continue", disse ele.
Porém, Blinken, ao conversar com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ressaltou ser "imperativo" proteger os civis e "garantir as necessidades humanitárias" em Gaza se a trégua acabar. O diplomata viajou depois para Ramallah, na Cisjordânia ocupada, para se reunir com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Cessar-fogo
Várias personalidades internacionais pedem uma trégua duradoura. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu "um verdadeiro cessar-fogo humanitário" e disse que os habitantes de Gaza sofrem "uma catástrofe humanitária épica". A China apelou por uma "trégua humanitária prolongada e duradoura" por meio de um documento de sua chancelaria.
A trégua permitiu aumentar a ajuda humanitária enviada a Gaza, submetida a um "assédio total" por parte de Israel, que cortou o abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível. No entanto, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) alerta que "existe risco de fome extrema" e que a situação continua sendo "catastrófica".
Segundo a ONU, 1,7 milhão, dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza, foram deslocados pela guerra e mais da metade das residências foram danificadas ou destruídas. Israel anunciou, ainda, ter chamado para consultas sua embaixadora na Espanha por declarações do chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, que afirmou ter "sérias dúvidas de que [Israel] esteja respeitando o direito internacional humanitário" no território palestino.