Guerra

Israel prossegue com bombardeios em Gaza durante o Natal

Em Belém, na Cisjordânia ocupada, onde Jesus nasceu segundo a tradição cristã, a prefeitura suspendeu quase todas as festividades e as ruas, que costumam ficar lotadas neste período do ano, estão praticamente desertas.

Uma foto tirada no sul de Israel, perto da fronteira com a Faixa de Gaza, em 24 de dezembro de 2023, mostra um tanque do exército israelense entrando no enclave palestino em meio a contínuas batalhas entre Israel e o grupo militante Hamas -  (crédito: Menahem KAHANA / AFP)
Uma foto tirada no sul de Israel, perto da fronteira com a Faixa de Gaza, em 24 de dezembro de 2023, mostra um tanque do exército israelense entrando no enclave palestino em meio a contínuas batalhas entre Israel e o grupo militante Hamas - (crédito: Menahem KAHANA / AFP)
postado em 25/12/2023 09:42

Israel prosseguiu com os bombardeios nesta segunda-feira (25) em Gaza e o movimento islamista Hamas anunciou que os ataques provocaram várias mortes, em um dia de Natal que para os cristãos palestinos está marcado por uma guerra sem previsão de fim.

Em Belém, na Cisjordânia ocupada, onde Jesus nasceu segundo a tradição cristã, a prefeitura suspendeu quase todas as festividades e as ruas, que costumam ficar lotadas neste período do ano, estão praticamente desertas.

O Hamas, que governa a Faixa de Gaza, anunciou durante a madrugada que um bombardeio israelense deixou pelo menos 18 mortos em Khan Yunis, no sul do território cercado pelas tropas israelenses.

Fadi Sayegh, um cristão palestino que passou a véspera de Natal em um hospital Khan Yunis para fazer diálise, disse que não celebraria o Natal.

"Não há alegria. Não temos árvore de Natal nem decorações, não há jantar em família e nem uma celebração", lamentou. "Rezo para que a guerra termine rapidamente. 

A religiosa Nabila Salah, da Igreja Católica de Gaza, também expressou a tristeza com o atual cenário. 

No início do mês, uma mãe e uma filha, que estavam refugiadas em um templo católico da Cidade de Gaza, morreram quando foram atingidas por tiros de um soldado israelense, denunciou o Patriarcado Latino de Jerusalém. 

"Como eu posso festejar enquanto minha cidade está destruída, minha família deslocada e meus irmãos e irmãs de luto?", questionou a religiosa.

O conflito começou há 80 dias, em 7 de outubro, depois que o Hamas executou um ataque surpresa contra Israel que deixou quase 1.140 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses. 

Os milicianos do movimento islamista também sequestraram 240 pessoas e 129 permanecem como reféns em Gaza, segundo o governo de Israel.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma ofensiva terrestre e aérea que deixou mais de 20.400 mortos em Gaza, segundo o movimento islamista, que governa sozinho o território palestino desde 2007. 

O papa Francisco iniciou a missa da véspera de Natal com uma crítica ao "estrondo das armas". 

"E, nesta noite, o nosso coração está em Belém, onde o Príncipe da Paz ainda é rejeitado pela lógica perdedora da guerra, com o estrondo das armas que ainda hoje O impede de encontrar alojamento no mundo", expressou o pontífice argentino durante a missa na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

- Bombardeios na véspera de Natal -

O Ministério da Saúde do Hamas informou no domingo que pelo menos 70 pessoas morreram em um bombardeio israelense que atingiu o campo de refugiados de Al Maghazi, no centro da Faixa de Gaza. O Exército de Israel afirmou à AFP que estão "investigando" o "incidente".

O porta-voz da pasta da Saúde, Ashraf al Qudra, afirmou que o balanço de vítimas provavelmente aumentará porque muitas famílias estavam no local no momento do bombardeio.

O Hamas também anunciou que 10 pessoas morreram no campo de Jabalia, norte de Gaza.

A AFP não conseguiu comprovar o relato com fontes independentes.

A guerra provocou uma grande destruição em muitas áreas de Gaza e os  2,4 milhões de habitantes do território enfrentam escassez de água, comida, combustível e remédios devido ao cerco imposto por Israel dois dias após o ataque do Hamas. Desde então, a população depende, desesperadamente, da entrada de ajuda humanitária. 

Quase 80% da população foi deslocada pela guerra, segundo a ONU, e muitas pessoas fugiram para o sul do território estreito de 362 quilômetros quadrados. Agora sobrevivem em barracas, expostas ao frio. 

O chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, afirmou que "a única solução é um cessar-fogo humanitário". 

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentou "a destruição do sistema de saúde de Gaza", que chamou de "tragédia".

- "Guerra longa" -

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou no domingo que o país paga um "preço elevado pela guerra", mas acrescentou: "Não temos escolha além de continuar lutando",

"A guerra será longa", advertiu. 

O Exército israelense informou nesta segunda-feira as mortes de dois soldados, o que eleva a 17 o número de baixas militares desde sexta-feira. No total, 156 militares do país morreram desde o início da ofensiva terrestre de Israel na Faixa de Gaza, no fim de outubro.

Dois palestinos detidos em Gaza por soldados israelenses denunciaram no domingo que sofreram torturas, uma acusação corroborada por um médico e negada pelo Exército.

O médico Marwan al Hams, diretor do hospital de Najar em Rafah, sul de Gaza, afirmou que os homens apresentam hematomas e marcas de agressões.

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