Promotores federais dos Estados Unidos apresentaram acusações de evasão fiscal contra Hunter Biden — o segundo processo criminal contra o filho do presidente dos EUA, Joe Biden.
Segundo as nove acusações, ele teria planejado sonegar pelo menos US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 6,8 milhões) em impostos federais de 2016 a 2019 e de financiar um “estilo de vida extravagante”.
Se for condenado nesse caso, Hunter Biden poderia pegar até 17 anos de prisão.
Ele já havia sido indiciado em setembro por acusações federais de porte de arma de fogo em Delaware.
O advogado de Hunter Biden disse na noite de quinta-feira (7/12) que as novas acusações têm motivação política.
O presidente Joe Biden não é mencionado na acusação e a Casa Branca ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Isso ocorre no momento em que, no Congresso dos EUA, os republicanos colocam as negociações comerciais de Hunter Biden no centro de um inquérito de impeachment do presidente Biden, que busca a reeleição no próximo ano.
Desde 2019, o conselheiro especial do Departamento de Justiça dos EUA, David Weiss, está investigando Hunter Biden, que é advogado formado em Yale e que lidou com vício em drogas e álcool.
Em uma acusação de 56 páginas apresentada na Califórnia, os promotores alegam que ele gastou seu dinheiro em "drogas, acompanhantes e namoradas, hotéis de luxo e propriedades para alugar, carros exóticos, roupas e outros itens de natureza pessoal, em suma, tudo menos seus impostos".
Eles dizem que o filho do presidente "recebeu individualmente mais de US$ 7 milhões em renda bruta total" entre 2016 e 2020, mas "deliberadamente deixou de pagar seus impostos de 2016, 2017, 2018 e 2019 em dia, apesar de ter acesso a recursos para pagar alguns ou todos esses impostos".
O advogado de Hunter Biden, Abbe Lowell, respondeu às novas acusações dizendo que "se o sobrenome de Hunter fosse outro que não Biden, as acusações em Delaware, e agora na Califórnia, não teriam sido apresentadas".
Hunter Biden acabou pagando todos os seus impostos e multas em 2020 – com a ajuda de um empréstimo de seu advogado pessoal.
Um gráfico apresentado na acusação descreve as despesas de Hunter Biden. Entre 2016 e 2019, ele pagou mais de US$ 188 mil (R$ 920 mil)por "entretenimento adulto" e mais de US$ 683 mil (R$ 3,3 milhões) em "pagamentos – várias mulheres", de acordo com o documento de acusação.
Hunter Biden "continuou a ganhar muito e a gastar muito em 2018", segundo os promotores.
A acusação indica que ele teria obtido receitas "substanciais", inclusive de uma empresa que formou com um conglomerado empresarial chinês, a empresa de energia ucraniana Burisma e um empresário romeno não identificado.
À medida que o seu rendimento aumentava, também aumentavam os seus gastos com um "estilo de vida extravagante", diz a acusação.
Segundo o documento, em 2018, o réu gastou mais de US$ 1,8 milhão (R$ 8,8 milhões), incluindo centenas de milhares de dólares em saques em dinheiro, cerca de US$ 383 mil (R$ 1,8 milhão) em pagamentos a mulheres e US$ 151 mil (R$ 740 mil) em roupas.
No entanto, naquele mesmo ano, Hunter Biden enviou uma mensagem de texto à ex-mulher dizendo que não poderia efetuar o pagamento da pensão alimentícia "devido à insuficiência de fundos".
Enquanto isso, ele se hospedou em vários hotéis de luxo, gastou US$ 10 mil (R$ 50 mil) "para adquirir a adesão a um clube de sexo" e alegou que US$ 1.248 (R$ 6,1 mil) em passagens aéreas para uma dançarina exótica eram despesas comerciais, segundo a acusação.
Os promotores dizem que ele "tinha recursos suficientes disponíveis… para pagar alguns ou todos os seus impostos pendentes no vencimento", mas optou por não fazê-lo.
Ele supostamente contabilizava frequentemente despesas pessoais como despesas comerciais, como o aluguel de um Lamborghini que dirigiu quando se mudou para a Califórnia em abril de 2018, até que seu Porsche chegou da costa leste.
No início deste ano, esperava-se que Hunter Biden se declarasse culpado de acusações fiscais de contravenção em um acordo com os promotores.
No entanto, esse acordo desmoronou depois que um juiz o questionou como "incomum". Mais tarde, os republicanos do Congresso consideraram-no um sweetheart deal (termo em inglês que descreve um acordo contratual que beneficia muito uma das partes, ao mesmo tempo em que prejudica inadequadamente outras partes ou o público em geral).
Neste verão, dois denunciantes do Internal Revenue Service (IRS), órgão dos EUA responsável pela arrecadação de impostos, testemunharam ao Congresso que Hunter Biden deveria ter sido acusado de crimes fiscais mais graves, mas alegaram que recebeu tratamento brando como filho do presidente.
As acusações federais de porte de arma apresentadas em setembro diziam respeito ao fato de ele estar em posse de uma arma enquanto usava entorpecentes e mentir em um formulário sobre isso. Ele se declarou inocente.
O Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes está atualmente liderando um inquérito de impeachment do presidente Joe Biden, alegando que ele estava envolvido num esquema de tráfico de influência com o seu filho.
Embora republicanos do Congresso tenham levado extratos bancários que argumentam provar que Joe Biden mentiu quando negou ter beneficiado dos negócios do seu filho, a Casa Branca disse que todo o inquérito se baseia em mentiras.
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