A embaixada dos Estados Unidos anunciou operações aéreas no território da Guiana nesta quinta-feira (8/12). Segundo o Comando Sul dos EUA, a ação "baseia-se no envolvimento e nas operações de rotina para melhorar a parceria de segurança entre os Estados Unidos e a Guiana e para fortalecer a cooperação regional". No entanto, a atividade ocorre em um momento em que o país sul-americano vive conflito com a Venezuela, o que levou diversas pessoas a pensar se essa ação foi realmente rotineira.
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O advogado especializado em direito internacional Emanuel Pessoa explica que o conflito não seria economicamente interessante para os EUA, mas que, mesmo se a ação for de rotina, o país não fez isso por acaso. "A gente nunca pode imaginar que um país como os Estados Unidos não faça nada sabendo das consequências", aponta. "Eles sabem que isso vai ser percebido de uma forma como se eles estivessem apoiando a Guiana. Então, se ele sabe e mesmo assim fizeram, eles querem que a Venezuela veja."
Segundo o especialista, o fato de Guiana e Venezuela serem regiões ricas em petróleo faz com que o país norte-americano seja também afetado pelo confronto. Isso porque aumentaria a instabilidade em Essequibo, região guianesa cobiçada por Maduro, que tem alto potencial econômico por conta do combustível fóssil.
"Para eles não interessa que haja esse conflito porque essa região pode ser uma forma dos Estados Unidos diminuírem a dependência do petróleo do Oriente Médio", comenta. "Então, como eles (Estados Unidos) têm problemas políticos com Maduro, é óbvio que eles não querem fortalecer as reservas de petróleo venezuelanas, e, além disso, ter dois países competindo na venda de petróleo facilita que os Estados Unidos negociem com eles separadamente e pague menos."
O conflito entre os dois países se intensificou no domingo (3/12), quando o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela fez um plebiscito para saber se os cidadãos venezuelanos são a favor da anexação de Essequibo no país. Com a guerra entre Israel e Hamas, entretanto, o confronto na América do Sul é assunto secundário entre as organizações internacionais.
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