Os Estados Unidos alertaram nesta terça-feira (5) o presidente venezuelano Nicolás Maduro de que reimporão as sanções se ele não cumprir "as expectativas" e exigiram um processo "rápido" para autorizar a candidatura eleitoral da opositora María Corina Machado.
Durante uma conversa no grupo de reflexão americano Atlantic Council, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos para a América Latina e o Caribe, Brian Nichols, alterou entre a abordagem rígida e a conciliatória.
O governo do presidente Joe Biden deseja "uma relação mais construtiva entre nossos países, mas precisamos ver avanços em direção a eleições democráticas, liberdade e respeito aos valores fundamentais", afirmou Nichols, que reconhece que será um "processo longo" com "altos e baixos".
Washington considera que o acordo de outubro entre Maduro e a oposição sobre as eleições presidenciais de 2024 "abre a porta para uma possível normalização" das relações "com base na confiança e no respeito mútuo", mas apenas se o governo cumprir seus compromissos.
Em compensação por este acordo, Washington suspendeu parcialmente as sanções ao petróleo, ouro e gás venezuelanos, condicionando-as a duas condições, ou "expectativas".
Caracas deveria estabelecer um processo para suspender as inabilitações políticas dos opositores venezuelanos e começar a libertar prisioneiros políticos e americanos.
Desafiadoramente, o governo de Maduro esperou quase até o fim do prazo (final de novembro) para anunciar que a Suprema Corte revisará as inabilitações.
"Embora essas etapas adicionais neste longo processo sejam promissoras, Nicolás Maduro e seus representantes ainda precisam cumprir totalmente as expectativas", e "essas etapas ainda não foram dadas", pressionou Nichols.
"É crucial ter um processo rápido e transparente para autorizar" a candidatura da líder María Corina Machado, que venceu as primárias da oposição, e uma "decisão rápida" é necessária, insistiu.
"As autoridades devem demonstrar que têm a coragem de permitir que um candidato sério da oposição concorra às eleições, pois não pode ser simplesmente uma aprovação automática contra ninguém", disse.
Um longo caminho
O país conta com um "candidato opositor forte e unificado" que deve se apresentar às eleições em condições de igualdade, acrescentou. Para que "ambos possam começar da mesma linha de partida", o processo de habilitação deve estar concluído quando as eleições forem formalmente convocadas.
Além disso, Nichols pede "progressos em áreas importantes, como auditoria e atualização do registro eleitoral" na Venezuela e a presença de missões internacionais de observação que garantam a liberdade de movimento dos candidatos.
Quanto aos prisioneiros, até agora Caracas só libertou cinco.
Assim, se não houver "avanços adequados", os Estados Unidos ameaçam reimpor as sanções suspensas.
Atualmente, Washington continua "participando de conversações" com "representantes de Maduro" e da oposição e considera que a flexibilização está dando frutos.
Quando as sanções estavam em vigor, o petróleo ia para "o comércio ilícito, em grande parte com a China, mas também com outros países, incluindo o Irã", explicou o subsecretário de Estado.
"O que estamos vendo agora é que o comércio ilícito retorna ao setor formal", acrescentou, estimando que ambas as partes se beneficiam: os americanos porque podem importar e os venezuelanos porque no mercado negro o petróleo era cotado entre 30% e 35% abaixo de seu valor.
Para o futuro, "ainda temos um longo caminho a percorrer, mas é um começo importante", concluiu Nichols.
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