Horror no Oriente Médio

Após fim de trégua, guerra entre Israel e Hamas revive pesadelo humanitário

Israel e Hamas trocam acusações mútuas de violações do acordo. A suspensão ocorre em meio à liberação de reféns e presos palestinos

Cessar-fogo interrompido em meio a mísseis e foguetes nos céus -  (crédito:  AFP)
Cessar-fogo interrompido em meio a mísseis e foguetes nos céus - (crédito: AFP)
postado em 02/12/2023 04:00

As autoridades de Israel e do Hamas se acusaram nesta sexta-feira (1º/12) pelo fracasso nas negociações para prolongar a trégua e atribuíram, em parte, a desacordos sobre a liberação de reféns em Gaza. Os bombardeios na Faixa de Gaza, governada pelo movimento extremista islâmico, foram retomados após ambos os governos não conseguirem estender o cessar-fogo em vigor desde 24 de novembro. O Exército israelense confirmou, ainda, que cinco reféns foram mortos e os nomes divulgados.

Os combates entre Israel e o Hamas recomeçaram na manhã de sexta-feira na Faixa de Gaza com registros de ataques aéreos em todo o território palestino, enquanto foguetes também foram disparados contra o sul de Israel a partir da Faixa de Gaza.

Israel acusa o Hamas de descumprir o acordo, negociado para a trégua temporária, que envolvia a libertação de todas as crianças e mulheres. Já o grupo extremista reage por meio do Ministério da Saúde de Gaza, informando que mais de 14.800 pessoas foram mortas, das quais aproximadamente 6.000 crianças.

Para o porta-voz do governo de Israel, Eylon Levy, é responsabilidade do Hamas o fracasso para estender a trégua, acusando os extremistas de "não terem fornecido uma lista com mais reféns para libertar". Anteriormente, o Exército israelense havia indicado que "a responsabilidade pela segurança de todos os reféns na Faixa de Gaza era do Hamas". Nos últimos dias, a trégua permitiu a troca de dezenas de reféns nas mãos do Hamas por presos palestinos em Israel e facilitou a entrada de ajuda na Faixa de Gaza.

Devido ao acordo de trégua, 110 reféns foram libertados desde o início do conflito, 105 deles durante o cessar-fogo provisório, na sua maioria mulheres e crianças israelenses. Segundo as autoridades de Israel, 137 permanecem nas mãos do Hamas e de outros grupos ligados ao movimento. Em troca, Israel libertou 240 prisioneiros palestinos.

Guerra

O jornal The New York Times publicou ampla reportagem, informando ter obtido dados seguros de que as autoridades israelenses sabiam do plano de ataque do Hamas, efetuado em 7 de outubro. Porém, segundo o jornal norte-americano, os militares e os serviços secretos desconsideraram a relevância do planejamento. O documento de aproximadamente 40 páginas foi batizado de "Muro de Jericó". Nele, não havia data para o ataque, mas um ataque metódico a Gaza para assumir o controle de cidades israelenses e invadir bases militares importantes.

Ontem o Hamas ofereceu a entrega dos corpos de uma família refém — mãe Shiri Bibas, o bebê Kfir, de 10 meses, o irmão Ariel, de 4 anos, já o pai Yarden seria autorizado a acompanhar o enterro, — durante negociações para estender a trégua com Israel. A família se transformou em símbolo dos ataques por envolver crianças.

No começo da semana, o grupo terrorista confirmou que Shiri, Kfir e Ariel Bibas morreram em um bombardeio. Porém, o Exército de Israel comunicou que investigava a informação e que ainda não havia confirmação.

Em retaliação, Israel iniciou uma campanha de ataques aéreos e terrestres contra Gaza que deixou mais de 15 mil mortos, a maioria civis, segundo o Hamas. A guerra começou em 7 de outubro quando integrantes do Hamas invadiram o sul de Israel, matando 1.200 pessoas, a maioria civis e sequestraram 240, segundo as autoridades israelenses.

Pesadelo

A retomada dos combates na Faixa de Gaza, mais uma vez mergulha o território palestino em um "pesadelo", observou o chefe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) à AFP Robert Mardini. "As pessoas chegaram ao limite, os hospitais estão no seu limite e toda a Faixa de Gaza está em um estado muito precário."

Em seguida, Mardini ao analisar a situação dos palestinos disse que que: "O sofrimento, o medo, a ansiedade e as condições de vida precárias". "Não há lugar seguro para os civis" na Faixa de Gaza, disse ele. Nos hospitais, o diretor disse que "ultrapassou a capacidade real dos hospitais para receber e tratar os feridos", acrescentou.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que é fundamental focar na libertação de reféns detidos em Gaza. "Continuamos intensamente focados em levar todos para casa, em trazer os reféns de volta, algo em que também trabalhei hoje", afirmou. Blinken, que se reuniu, em Dubai, nos Emirados Árabes, com os chefes da diplomacia dos Emirados Árabes Unidos, Egito, Jordânia e Bahrein durante a sua breve visita a Dubai, e também com um representante da Autoridade Palestina.

 


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