MEIO AMBIENTE

As polêmicas causadas pela realização da COP28 em Dubai

Reunião das Nações Unidas sobre o clima será realizada em um dos maiores países produtores de petróleo do mundo

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Dubai é cidade-ícone de um dos maiores produtores mundiais de petróleo

Líderes mundiais vão discutir nas próximas semanas o combate às mudanças climáticas em um grande evento da Organização das Nações Unidas (ONU), em Dubai.

A COP28 ocorre em um ano que registrou uma série de eventos climáticos extremos e recordes climáticos foram quebrados.

É a 28ª reunião anual das Nações Unidas sobre o clima, na qual os governos discutirão como limitar e preparar-se para futuras mudanças climáticas.

Nesta edição, ela ocorrerá em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023. COP significa "Conferência das Partes", onde as "partes" são os países que assinaram o acordo climático original da ONU em 1992.

Por que a COP28 em Dubai é controversa?

Os Emirados Árabes são uma das 10 maiores nações produtoras de petróleo do mundo.

Como país-sede, o governo nomeou o presidente-executivo da empresa petrolífera estatal, Sultan al-Jaber, como líder das negociações da COP28.

O petróleo – assim como o gás e o carvão – é um combustível fóssil. Eles são as principais causas das alterações climáticas porque liberam gases do efeito estufa que aquecem o planeta, como o dióxido de carbono, quando queimados para obter energia.

A empresa petrolífera de Jaber planeja expandir sua capacidade de produção.

Documentos obtidos pela BBC indicam que os Emirados planejavam usar seu papel como anfitrião para fechar acordos sobre petróleo e gás.

Jaber argumentou anteriormente que está excepcionalmente bem colocado para pressionar a indústria do petróleo e do gás a tomar medidas e que, como presidente da empresa de energias renováveis Masdar, também supervisionou a expansão de tecnologias limpas, como a energia eólica e solar.

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Al-Jaber foi uma escolha controversa para liderar as negociações climáticas da COP28

Por que a COP28 é tão importante?

Espera-se que a COP28 ajude a manter vivo o objetivo de limitar a 1,5º C os aumentos de longo prazo da temperatura global. Esse foi o acordo feito por quase 200 países em Paris, em 2015.

A meta de 1,5º C é crucial para evitar os impactos mais prejudiciais das alterações climáticas, de acordo com o órgão climático da ONU, o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC).

O aquecimento a longo prazo está atualmente em cerca de 1,1ºC ou 1,2ºC, em comparação com os tempos pré-industriais — o período antes de os humanos começarem a queimar combustíveis fósseis em grande escala.

No entanto, estimativas recentes sugerem que o mundo está atualmente a caminho de um aquecimento de cerca de 2,4° C a 2,7° C até 2100, embora os números exatos sejam incertos.

Como resultado, a janela para manter o limite de 1,5ºC está "diminuindo rapidamente", afirma a ONU.

O que será discutido na COP28?

Além do progresso em direção aos atuais objetivos de Paris, a COP28 vai se concentrar em:

  • Acelerar a mudança para fontes de energia limpas, para "reduzir" as emissões de gases com efeito de estufa antes de 2030;
  • Distribuir dinheiro para a ações climáticas dos países mais ricos para os mais pobres e trabalhar num novo acordo para as nações em desenvolvimento;
  • Focar na natureza e nas pessoas;
  • Tornar a COP28 a "mais inclusiva" de todas.

Haverá também dias temáticos sobre questões como saúde, finanças, alimentação e natureza.

Quem estará na COP28?

Mais de 200 governos são convidados.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, não deverão comparecer, mas ambos os países estarão representados.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, participará, e o Palácio de Buckingham confirmou que o rei Charles também comparecerá. Ele fará um discurso de abertura aos delegados no dia 1º de dezembro.

Instituições de caridade ambientais, grupos comunitários, think tanks, empresas e grupos religiosos também participarão.

Centenas de delegados ligados aos combustíveis fósseis participaram da COP27 em 2022.

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Rishi Sunak anunciou retrocessos em algumas políticas verdes em setembro, o que gerou críticas internacionais

Quais serão os pontos de discórdia da COP28?

É provável que haja desacordo sobre o futuro dos combustíveis fósseis "inabaláveis" — carvão, petróleo e gás que são queimados sem tecnologias para capturar as suas emissões.

Jaber fez um apelo por uma "redução progressiva" da sua utilização, o que significa uma diminuição ao longo do tempo, mas não um fim completo. No entanto, espera-se que a União Europeia pressione por uma "eliminação progressiva" total.

Os defensores do clima salientam que restringir os acordos aos combustíveis fósseis "inabaláveis" permitiria a continuação de alguma produção. Eles dizem que não há garantia de que a captura de emissões funcionará em grande escala.

O dinheiro também será um problema.

Na COP27, foi acertada a criação de um fundo de "perdas e danos" para os países mais ricos pagarem aos mais pobres, que enfrentam os efeitos das alterações climáticas.

Mas exatamente como isso funcionará ainda não está claro. Os EUA, por exemplo, descartaram o pagamento de reparações climáticas pelas suas emissões históricas.

Em 2009, os países desenvolvidos comprometeram-se a doar 100 bilhões de dólares (R$ 490 bilhões) por ano, até 2020, aos países em desenvolvimento para os ajudar a reduzir as emissões e a preparar-se para as alterações climáticas.

A meta não foi atingida, mas espera-se que seja alcançada em 2023.

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A ONU apelou a uma 'eliminação progressiva' total dos combustíveis fósseis 'inabaláveis' como o carvão

A COP28 fará alguma diferença?

Os críticos das COP anteriores, incluindo a ativista Greta Thunberg, acusam os summit de "greenwashing": isto é, os países e as empresas promovem as suas credenciais climáticas sem fazerem as mudanças necessárias.

Mas à medida que os líderes mundiais se reúnem, esses eventos oferecem potencial para acordos globais que vão além das medidas nacionais.

Por exemplo, o limite de aquecimento de 1,5º C, acordado em Paris na COP21, impulsionou uma "ação climática quase universal", segundo a ONU.

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