Diplomacia

Israel/Hamas: entenda o papel do Catar na trégua e troca de reféns

País do Oriente Médio já havia se colocado na posição de mediador de conflitos em 2008 no conflito de facções políticas rivais no Líbano

O conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas chegou nesta sexta-feira (24/11) a um vislumbre de paz com o cumprimento do acordo de trégua por alguns dias para uma troca de reféns. Esse cessar-fogo, que irá durar até segunda-feira (27/11) só foi possível pela mediação de um país que também fica no Oriente Médio: o Catar.

Diplomatas já consideram que a posição do Catar é querer se tornar como uma espécie de 'Suíça do Oriente Médio', tendo em vista que, em várias ocasiões trabalhou como uma parte imparcial, de vários conflitos na região.

O anúncio de trégua entre Israel e o Hamas, que estão em conflito na Faixa de Gaza, foi feito pelo Ministério das Relações Exteriores do Catar, via redes sociais. Na quinta-feira (22/11) eles anunciaram que o plano para a troca de reféns seria anunciado logo mais. Nesta sexta (23/11) os primeiro reféns israelenses foram levados para a Cruz Vermelha e encaminhados para o Egito. O ministro catari também vem usando as redes sociais para dar atualizações sobre a troca de reféns.

Vale lembrar que o Catar já conciliou conflitos entre países distintos ou em um mesmo país. Um exemplo é o conflito no Líbano, em 2008, entre ações políticas rivais e que teve mediação do Catar para impedir uma guerra civil.

Outra autuação, desta vez na libertação de reféns, ocorreu em 2004 quando os jornalistas franceses Georges Malbrunot e Christian Chesnot foram mantidos reféns em Najaf, no Iraque, por um grupo extremista. O acordo mediado pelo Catar teria envolvido milhões de dólares.

O país no cenário mundial

Em dezembro de 2022, o Catar sediou um dos maiores eventos esportivos, a Copa do Mundo, e com isso, muito da história, posições político-sociais e ações para com outros países chegaram a vários lugares do planeta.

Próximo ao mundial, as polêmicas envolvendo o país vieram a tona como a falta de segurança para trabalhadores que ajudaram na construção de estádios para o evento.

Anteriormente, o Catar era um dos países mais pobres do Golfo Pérsico, contudo se colocou em uma posição de importância na região graças às reservas de petróleo e gás, que estão entre as três maiores do mundo, atrás apenas da Rússia e do Irã.

Além disso, é um país que conta com bases militares americanas o que ajuda em seu papel de mediador geopolítico no Oriente Médio. Esse relacionamento com os Estados Unidos (EUA), também atraiu rivalidades causando, em 2017, a quebra da relação entre o Catar e Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrain e Egito. Apesar das tensões, o bloqueio da relação foi encerrado no início de 2021.

O país é governado pelo emir Hamad al-Thani, que substituiu o pai em uma transferência de poder pacífica em junho de 2013. Entretanto, apesar de ter como prioridades no governo a diversificação da economia e o investimento na infraestrutura nacional, sua administração ficou marcada pelas tensões regionais e o bloqueio de quatro anos liderado pela Arábia Saudita.

O Catar e o terrorismo

Uma das principais queixas dos países ocidentais sobre o Catar é o suposto apoio do país ao terrorismo, pelas boas relações mantidas com o Irã, com grupos islâmicos no Egito e na Síria e com o Hamas, grupo palestino que é um dos personagens do conflito existente na Faixa de Gaza.

O Catar também é associado ao uso do país para escritórios de grupos considerados terroristas, como o Talibã. Acredita-se que Doha, capital do país, também tem escritórios do Hamas.

Assim, o que culmina na decisão de manter o país como um mediador de conflitos na região e entre os países do Oriente Médio é o dinheiro e influência do Catar, justamente envolvendo as conexões com os EUA e também posição econômica para com às reservas de petróleo e gás.

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