Políticos e intelectuais latino-americanos expressaram suas posições em relação ao segundo turno presidencial argentino do próximo domingo: Mario Vargas Llosa, Mariano Rajoy e Iván Duque apoiaram o voto no libertário Javier Milei, enquanto Lula, José Luis Rodríguez Zapatero, Michelle Bachelet e Rigoberta Menchú levantaram a bandeira do governista Sergio Massa.
Vargas Llosa, escritor e prêmio Nobel peruano, juntou-se ao ex-presidente do governo espanhol Rajoy e a oito ex-presidentes latino-americanos em um manifesto que descreve Massa, atual ministro da Economia, como "a continuidade de um modelo econômico corporativo fracassado" que mantém a Argentina em estagnação.
A menos de uma semana do segundo turno, a inflação atingiu na segunda-feira 142,7% interanual na Argentina, um dos índices mais altos do mundo, enquanto a pobreza é estimada em 40% em um contexto de forte polarização e incerteza sobre o futuro econômico do país.
"Frente a essa ameaça, surge a opção de Javier Milei, um candidato novo na política, com quem sem dúvida temos muitas diferenças, mas que acredita nas ideias da liberdade", escreveram os signatários.
O economista Milei se apresenta como um "outsider", propondo a dolarização da economia e "dinamitar" o Banco Central para eliminar a inflação crônica do país; enquanto Massa, um político experiente, busca atrair os eleitores críticos do peronismo ao qual pertence, prometendo liderar um "governo de unidade".
O manifesto foi divulgado no Twitter pelo A Liberdade Avança, partido de Milei, e também é assinado pelo ex-presidente argentino Mauricio Macri, assim como Felipe Calderón e Vicente Fox (México), Iván Duque e Andrés Pastrana (Colômbia), Sebastián Piñera (Chile) e Jorge Quiroga (Bolívia).
"Projeto de unidade"
Do outro lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e líderes de esquerda da Espanha manifestaram apoio a Massa, bem como ex-presidentes e intelectuais europeus e latino-americanos.
Lula indiretamente indicou seu apoio a Massa em relação a Milei, que já chamou o presidente de "corrupto" e "comunista". O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina.
"Quanto nós podemos crescer juntos... Para isso, é preciso ter um presidente que goste de democracia, que respeite as instituições, que goste do Mercosul, que goste da América do Sul", afirmou Lula nas redes sociais.
O presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, disse nesta terça em um vídeo que "Sergio Massa representa a aposta pela convivência democrática, pela harmonia, e oferece um projeto de unidade, de solidariedade".
Rodríguez Zapatero, ex-governante da Espanha; Bachelet, ex-presidente do Chile e alta comissária da ONU para direitos humanos até 2022; e os prêmios Nobel da Paz Menchú e Adolfo Pérez Esquivel uniram-se a outros líderes em um apelo em "defesa da democracia".
Também pediram que sejam detidas "as posições antidemocráticas de Milei e suas propostas neoliberais que no passado foram prejudiciais para a sociedade argentina e para toda a região".
Ecoando um slogan de campanha do candidato governista, os signatários pediram "o fim da fenda", referindo-se à forte polarização na política argentina, "e a recuperação da harmonia nacional".
As pesquisas indicam um empate técnico entre ambos os candidatos para as eleições de 19 de novembro.
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