Sosthène Munyemana, um ex-médico ruandês, começou a ser julgado nesta terça-feira (14/11) na França acusado de participar nos massacres cometidos em seu país em 1994, no sexto processo no país europeu sobre o genocídio dos tutsis.
Um tribunal de Paris começou a julgar o homem, de 68 anos, por acusações de genocídio e crimes contra a humanidade. Ele pode ser condenado à prisão perpétua.
O réu nega as acusações. "Tudo é baseado em depoimentos de 29 anos atrás (...) É muito difícil basear o processo em depoimentos sobre eventos tão antigos", declarou o advogado Jean-Yves Dupeux.
O caso é o mais antigo apresentado na França em nome da justiça universal sobre atos vinculados ao genocídio que matou mais de 800.000 pessoas, a maioria tutsis, entre abril e julho de 1994, segundo a ONU.
A primeira denúncia contra Munyemana, que se mudou para a França após os massacres, foi apresentada em 1995. "Esperamos que a justiça finalmente seja feita", disse Rachel Lindon, advogada de 24 vítimas e da associação Ibuka.
O ginecologista, considerado uma figura notável da região ruandesa de Butare (sul), é acusado de participar de um comitê de crise que estabeleceu barreiras e executou rondas, nas quais as pessoas eram detidas antes dos assassinatos.
Ele também é acusado de ter a chave do escritório da região de Tumba onde os tutsis foram trancados antes da execução, de acordo com a acusação. Munyemana alega que o escritório servia de "refúgio" para os tutsis.
A França já condenou seis homens por participação no genocídio, com penas que vão de 14 anos à prisão perpétua.
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