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Líder do Hezbollah diz que ataques a Israel foram 'corretos, sábios e justos', mas '100% palestinos'

Grupo libanês aliado do Hamas intensificou os seus ataques a Israel, que está retaliando. Mas ambos os lados parecem tomar medidas para evitar uma escalada perigosa.

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Hassan Nasrallah não é visto em público há anos

O líder do grupo islâmico Hezbollah, a força política e militar mais poderosa do Líbano, elogiou, nesta sexta-feira (03/11), os ataques do grupo Hamas a Israel em 7 de outubro, nos quais 1.400 pessoas foram mortas e outras 200 sequestradas.

Foram os primeiros comentários públicos dele desde o início da guerra Israel-Hamas.

Foi justamente após os ataques do início de outubro que o conflito entre Israel e Hamas escalou de forma intensa, o que já causou a morte de mais de 9.200 pessoas em Gaza.

Hassan Nasrallah disse que as ações do Hamas – que, como o Hezbollah, é considerada uma organização terrorista pelos governos do Reino Unido, dos EUA e de outros países – foram “corretas, sábias e justas”, mas descreveu os ataques a Israel como “100% palestinos”.

Ainda no discurso, feito em um local secreto e transmitido para milhares de pessoas na capital do Líbano, ele criticou os Estados Unidos, dizendo que o país era o responsável pelo conflito em Gaza.

Nasrallah também agradeceu às forças apoiadas pelo Irã no Iêmen e no Iraque. Os rebeldes Houthi no Iêmen têm disparado drones contra Israel, enquanto as milícias xiitas iraquianas têm atacado as forças dos EUA no Iraque e na Síria.

O Irã apoia o chamado Eixo da Resistência, uma aliança que inclui o Hezbollah – a sua força mais importante – e as milícias no Iraque, o Presidente da Síria, Bashar al-Assad, os Houthis e o Hamas.

Reuters
Civis libaneses dizem que suas casas foram atingidas por Israel em resposta aos foguetes do Hezbollah

O papel do Hezbollah no conflito

Desde o ataque do Hamas a Israel, o Líbano tem estado atento ao Hezbollah.

O grupo intensificou os seus ataques a Israel, que está retaliando essas ações. Mas ambos os lados aparentemente tomaram medidas para evitar uma escalada perigosa e a maioria dos ataques se limitou à zona fronteiriça.

Mas Israel avança com a sua invasão terrestre e o Hamas tem repetidas vezes apelado aos aliados para que se juntem à luta. Muitos questionam se o Hezbollah responderá a esses apelos, mas ao menos por enquanto é algo incerto.

O Hezbollah – que, tal como o Hamas, é considerado uma organização terrorista pelo Reino Unido, pelos EUA e outros – é a maior força política e militar no Líbano. Isso significa que as decisões do grupo repercutem muito além da sua base de apoio.

O paradeiro de Nasrallah, como sempre, permanece um mistério.

O discurso desta sexta foi transmitido em exibições públicas organizadas pelo grupo em todo o país e foi considerado pelo Hezbollah como um momento importante. Eles tomaram a atitude incomum de anunciá-lo com cinco dias de antecedência e, no início desta semana, lançaram vídeos curtos e dramáticos com Nasrallah.

Muitos no Líbano ainda se lembram da guerra devastadora que o Hezbollah travou contra Israel, que durou um mês, em 2006, e temem que o grupo possa arrastar o país para outro conflito.

Um dos objetivos do Hezbollah é a destruição de Israel, que vê o grupo como um inimigo mais forte do que o Hamas.

O Hezbollah possui um vasto arsenal de armas que inclui mísseis guiados com precisão que podem afetar intensamente o território israelense e dezenas de milhares de combatentes bem treinados e experientes em batalha.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu uma resposta de magnitude “inimaginável” se o Hezbollah abrir uma segunda frente no conflito. E os EUA, que alegadamente instaram Israel a não lançar um ataque em grande escala contra o grupo, enviaram dois porta-aviões para o Mediterrâneo Oriental para evitar a propagação do conflito.

Uma guerra em grande escala seria desastrosa para o Líbano e há pouco apoio público para ela fora dos seguidores do Hezbollah. Há anos, o país sofre com a crise econômica, e um impasse político deixou o país sem um governo que funcione adequadamente.

Outro cenário – talvez o mais provável, dizem alguns analistas – é um aumento dos ataques do grupo, sinalizando uma resposta aos apelos do Hamas, mas mantendo ao mesmo tempo os combates limitados ao norte de Israel.

A administração de Joe Biden, nos EUA, também está, publicamente e por meio de canais secretos, alertando o Irã contra a escalada da situação.

Não está clara a influência direta do Irã nesses grupos aliados, mas é improvável que haja qualquer decisão dos demais sem a aprovação do governo iraniano.

No domingo, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, disse que os “crimes de Israel ultrapassaram os limites, o que pode forçar todos a agir”. Os Estados Unidos, acrescentou, “pedem que não façamos nada, mas continuam dando amplo apoio a Israel”.

Uma fonte próxima do Hezbollah disse à BBC, sob condição de anonimato, na semana passada, que Nasrallah – que é conhecido pelos seus furiosos discursos anti-israelenses e antiamericanos – monitora de perto a situação.

“O Hezbollah está acompanhando todos os detalhes”, disse a fonte. "Eles fazem cálculos o tempo todo."

*Com informações de Hugo Bachega, correspondente da BBC no Oriente Médio

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