Ambulâncias transportando palestinos feridos e estrangeiros ou palestinos com dupla nacionalidade atravessaram nesta quarta-feira (1/11) a fronteira da Faixa de Gaza com o Egito.
É a primeira vez que a passagem de Rafah, que liga Gaza ao Egito, foi aberta desde o início do cerco de Israel ao território, após os ataques brutais do grupo palestino Hamas em 7 de outubro.
Pelo menos 20 pacientes, entre os quais crianças, foram vistos deixando Gaza rumo ao Egito.
Mais feridos, cerca de 80, devem deixar o território palestino ainda nesta quarta-feira.
Eles devem ser tratados em um hospital de campanha em Sheikh Zuweid, perto da fronteira de Rafah.
Além disso, 110 estrangeiros também cruzaram a fronteira.
Segundo o governo egípcio, cerca de 500 estrangeiros ou palestinos portadores de passaportes estrangeiros vão poder deixar Gaza pela passagem de Rafah nesta quarta-feira.
Há cerca de 7 mil palestinos registrados com dupla nacionalidade no território palestino, inclusive brasileiros.
Segundo o embaixador Alessandro Candeas, chefe do Escritório de Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia, no entanto, os brasileiros não devem deixar Gaza nesta quarta.
Em entrevista ao portal G1, Candeas afirmou estar ciente do desespero das famílias e disse estar trabalhando pela liberação, já que "haverá outras listas".
O grupo que aguarda a liberação para deixar Gaza e embarcar para o Brasil via Egito é formado por 34 pessoas.
Estrangeiros
A lista desta quarta-feira é composta principalmente por jordanianos, mas outras nacionalidades incluem austríacos, japoneses, búlgaros, indonésios e australianos.
Há dois britânicos na lista, incluídos numa seção separada para trabalhadores de ONGs.
Gaza faz fronteira com o Egito e com Israel — os dois países mantêm um bloqueio ao território desde 2005, controlando tudo o que entra e sai.
Desde o início da ofensiva militar israelense, o Egito se recusou a abrir suas fronteiras, temendo um deslocamento maciço de refugiados para o país.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que “saúda” o acordo para enviar algumas pessoas gravemente feridas de Gaza para o Egito.
Numa publicação nas redes sociais, ele escreveu: "Temos trabalhado com o Ministério da Saúde do Egito no planejamento de evacuações médicas e continuaremos a apoiá-las".
"Precisamos de uma aceleração imediata no fluxo de ajuda médica permitida para Gaza. Os hospitais devem ser protegidos contra bombardeios e uso militar", acrescentou.
Outros desdobramentos
Em Gaza, os serviços de telefone e internet estão completamente cortados, segundo o provedor Paltel.
Israel informou que 11 soldados foram mortos em combates terrestres em Gaza na terça-feira, elevando para 326 o número de militares israelenses mortos desde 7 de outubro.
Israel tem bombardeado Gaza desde os ataques do Hamas, em 7 de outubro, que mataram cerca de 1.400 pessoas. Além disso, 239 ainda são mantidas reféns.
O Ministério da Saúde administrado pelo Hamas em Gaza afirma que 8.796 pessoas foram mortas desde o início da operação militar de Israel, das quais 3.648 crianças.