Diplomacia

Israel/Hamas: entenda o papel do Catar na trégua e troca de reféns

País do Oriente Médio já havia se colocado na posição de mediador de conflitos em 2008 no conflito de facções políticas rivais no Líbano

Diplomatas já consideram que a posição do Catar é querer se tornar como uma espécie de 'Suíça do Oriente Médio' -  (crédito: Visit Qatar/Unsplash; Mohammed ABED / AFP)
Diplomatas já consideram que a posição do Catar é querer se tornar como uma espécie de 'Suíça do Oriente Médio' - (crédito: Visit Qatar/Unsplash; Mohammed ABED / AFP)
postado em 24/11/2023 18:48

O conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas chegou nesta sexta-feira (24/11) a um vislumbre de paz com o cumprimento do acordo de trégua por alguns dias para uma troca de reféns. Esse cessar-fogo, que irá durar até segunda-feira (27/11) só foi possível pela mediação de um país que também fica no Oriente Médio: o Catar.

Diplomatas já consideram que a posição do Catar é querer se tornar como uma espécie de 'Suíça do Oriente Médio', tendo em vista que, em várias ocasiões trabalhou como uma parte imparcial, de vários conflitos na região.

O anúncio de trégua entre Israel e o Hamas, que estão em conflito na Faixa de Gaza, foi feito pelo Ministério das Relações Exteriores do Catar, via redes sociais. Na quinta-feira (22/11) eles anunciaram que o plano para a troca de reféns seria anunciado logo mais. Nesta sexta (23/11) os primeiro reféns israelenses foram levados para a Cruz Vermelha e encaminhados para o Egito. O ministro catari também vem usando as redes sociais para dar atualizações sobre a troca de reféns.

Vale lembrar que o Catar já conciliou conflitos entre países distintos ou em um mesmo país. Um exemplo é o conflito no Líbano, em 2008, entre ações políticas rivais e que teve mediação do Catar para impedir uma guerra civil.

Outra autuação, desta vez na libertação de reféns, ocorreu em 2004 quando os jornalistas franceses Georges Malbrunot e Christian Chesnot foram mantidos reféns em Najaf, no Iraque, por um grupo extremista. O acordo mediado pelo Catar teria envolvido milhões de dólares.

O país no cenário mundial

Em dezembro de 2022, o Catar sediou um dos maiores eventos esportivos, a Copa do Mundo, e com isso, muito da história, posições político-sociais e ações para com outros países chegaram a vários lugares do planeta.

Próximo ao mundial, as polêmicas envolvendo o país vieram a tona como a falta de segurança para trabalhadores que ajudaram na construção de estádios para o evento.

Anteriormente, o Catar era um dos países mais pobres do Golfo Pérsico, contudo se colocou em uma posição de importância na região graças às reservas de petróleo e gás, que estão entre as três maiores do mundo, atrás apenas da Rússia e do Irã.

Além disso, é um país que conta com bases militares americanas o que ajuda em seu papel de mediador geopolítico no Oriente Médio. Esse relacionamento com os Estados Unidos (EUA), também atraiu rivalidades causando, em 2017, a quebra da relação entre o Catar e Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrain e Egito. Apesar das tensões, o bloqueio da relação foi encerrado no início de 2021.

O país é governado pelo emir Hamad al-Thani, que substituiu o pai em uma transferência de poder pacífica em junho de 2013. Entretanto, apesar de ter como prioridades no governo a diversificação da economia e o investimento na infraestrutura nacional, sua administração ficou marcada pelas tensões regionais e o bloqueio de quatro anos liderado pela Arábia Saudita.

O Catar e o terrorismo

Uma das principais queixas dos países ocidentais sobre o Catar é o suposto apoio do país ao terrorismo, pelas boas relações mantidas com o Irã, com grupos islâmicos no Egito e na Síria e com o Hamas, grupo palestino que é um dos personagens do conflito existente na Faixa de Gaza.

O Catar também é associado ao uso do país para escritórios de grupos considerados terroristas, como o Talibã. Acredita-se que Doha, capital do país, também tem escritórios do Hamas.

Assim, o que culmina na decisão de manter o país como um mediador de conflitos na região e entre os países do Oriente Médio é o dinheiro e influência do Catar, justamente envolvendo as conexões com os EUA e também posição econômica para com às reservas de petróleo e gás.

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