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Aumenta pressão sobre Israel para proteger civis em ataques a Gaza

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), metade dos 36 hospitais de Gaza "não funcionam mais"

Uma mulher é ajudada a descer de um prédio destruído durante o bombardeio israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza       -  (crédito: SAID KHATIB / AFP)
Uma mulher é ajudada a descer de um prédio destruído durante o bombardeio israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza - (crédito: SAID KHATIB / AFP)
postado em 11/11/2023 11:47 / atualizado em 11/11/2023 11:47

Os apelos à contenção de Israel na Faixa de Gaza se multiplicam, neste sábado (11/11), ante a intensificação dos combates entre seu Exército e os combatentes do Hamas em torno dos hospitais do território palestino, nos quais milhares de pessoas se refugiam dos bombardeios. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), metade dos 36 hospitais de Gaza "não funcionam mais", na quinta semana do conflito deflagrado pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestino Hamas. 

O hospital Al Shifa, na cidade de Gaza, o mais importante do território, foi alvo de ataques, segundo seu diretor, Mohammed Abu Salmiya. 

"Al Shifa foi alvo, durante toda a noite, de intensos disparos de artilharia, assim como outros hospitais da cidade", declarou Salmiya neste sábado, acrescentando que, por causa disso, as ambulâncias não conseguiram buscar "dezenas de mortos" e "centenas" de feridos". 

O Hamas afirmou que "uma pessoa morreu, e muitas outras ficaram feridas" em ataques contra este centro na manhã deste sábado, depois que 13 pessoas faleceram em um bombardeio lançado contra este hospital no dia anterior, segundo o movimento. 

O Exército israelense não comentou essas acusações, mas disse que matará os combatentes do Hamas que forem vistos "atirando de hospitais". À noite, disse ainda que eliminou "cerca de 150 terroristas". 

O Ministério israelense das Relações Exteriores revisou para baixo o balanço do ataque do Hamas em 7 de outubro, de 1.400 para 1.200 mortos, em sua maioria civis, sem dar explicações para a mudança. 

Os bombardeios e a operação terrestre lançada em represália por Israel deixaram mais de 11.000 mortos na Faixa de Gaza, incluindo mais de 4.500 crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. 

Cenas de 'horror' 

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) observou, na manhã deste sábado, que, "nas últimas horas, os ataques contra o hospital Al Shifa se intensificaram de forma dramática" e falou de uma situação "catastrófica" em seu interior. Citada por MSF, uma enfermeira do estabelecimento, Maher Sharif, descreveu uma "cena de horror". 

"Vi cadáveres, incluindo mulheres e crianças", relatou. 

No Conselho de Segurança da ONU, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, voltou a pedir um cessar-fogo e alertou que o sistema de saúde de Gaza está "de joelhos". 

"A situação no terreno é impossível de descrever: corredores de hospitais lotados de feridos, doentes e moribundos, necrotérios transbordando, operações sem anestesia, dezenas de milhares de pessoas refugiadas nos hospitais", disse ele. 

O presidente francês, Emmanuel Macron, instou Israel a "cessar" os ataques a civis. Em uma entrevista à BBC, afirmou que "bebês, mulheres, idosos" estão sendo alvo de bombardeios. 

"Não há justificativa", e "não há legitimidade", completou. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, respondeu que "a responsabilidade por qualquer dano aos civis recai sobre o Hamas", pois, segundo ele, o movimento usa a população "como escudos humanos". 

Na sexta-feira (10), o Hamas pediu à comunidade internacional que "intervenha imediatamente para impedir que os hospitais de Gaza continuem sendo atacados". 

Cúpula em Riade 

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, chegou neste sábado à capital saudita, Riade, para participar de uma cúpula conjunta da Liga Árabe e da Organização da Cooperação Islâmica para alertar sobre a urgência de pôr fim aos ataques de Israel contra Gaza e evitar uma conflagração regional do conflito.

Israel e Estados Unidos, seu principal aliado, rejeitaram até agora todos os pedidos de cessar-fogo em Gaza. 

Bombardeado sem cessar há mais de um mês e submetido a um cerco total, o pequeno território palestino tem 1,6 milhão de seus 2,4 milhões de habitantes deslocados, segundo a ONU. 

Israel concordou em fazer "pausas" humanitárias diárias para permitir a fuga através de um corredor usado por 30 mil pessoas na sexta-feira, apesar de algumas "explosões" mortais, disse o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês). 

Centenas de milhares de deslocados estão amontoados em condições desastrosas no sul desse estreito território, de apenas 362 km2, sem água, luz, comida e remédios, devido ao cerco imposto por Israel. 

Durante estas semanas, o sul de Israel recebe diariamente foguetes disparados da Faixa de Gaza. Mas Israel enfrenta "várias frentes", disse o porta-voz militar Richard Hecht na sexta-feira, com trocas de disparos com o Hezbollah na fronteira com o Líbano, ou projéteis e drones lançados em seu território da Síria, ou por parte dos rebeldes huthis, do Iêmen.

Um bombardeio israelense atingiu um veículo, neste sábado, no sul do Líbano, 45 quilômetros ao norte da fronteira entre os dois países. Foi o primeiro ataque em profundidade em território libanês desde o início das hostilidades, segundo a imprensa estatal.

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