Xangai

Ativistas lutam para evitar comércio ilegal de carne de gatos na China

Na China, a maioria da população não consome a carne destes animais, o que não impede que redes clandestinas matem quatro milhões de gatos

De acordo com esta organização, o mercado ilegal está localizado essencialmente nas províncias de Guangdong e Guangxi -  (crédito: Saving Wildcats)
De acordo com esta organização, o mercado ilegal está localizado essencialmente nas províncias de Guangdong e Guangxi - (crédito: Saving Wildcats)
Agência France-Presse
postado em 10/11/2023 15:38 / atualizado em 10/11/2023 15:47

Quando Dabai, gato de estimação de Han Jiali, desapareceu em Xangai no ano passado, a jovem procurou seu pet por todos os cantos até que descobriu uma rede de tráfico de carne de felinos, que a servia em restaurantes.

Na China, a maioria da população não consome a carne destes animais, o que não impede que, a cada ano, redes clandestinas matem quatro milhões de gatos para vendê-los como alimentos, segundo cálculos da ONG americana de defesa dos animais Humane Society International.

De acordo com esta organização, o mercado ilegal está localizado essencialmente nas províncias de Guangdong e Guangxi, no sul do país.

Para Han Jiali, a busca por seu mascote se transformou em uma verdadeira odisseia, depois que descobriu toda uma cadeia de abastecimento que capturava gatos abandonados e de estimação que se aventuravam fora de suas casas, na região de Xangai.

Quando a mulher encontrou corpos destes animais em fábricas e restaurantes que ofereciam a carne destes felinos em seus cardápios, teve que se render às evidências.

"Tive que admitir que meu gato havia ido embora para sempre. Eles o comeram", disse emocionada.

Agora ela tenta evitar que outros tenham o mesmo destino. Há um ano, ela ajuda a elaborar relatórios policiais, rastreia estes criminosos e envia petições às autoridades da província de Guangdong.

- Ameaças de morte -

Mas sua missão não está isenta de riscos. Han Jiali afirmou ter recebido ameaças de morte de alguns traficantes, e em dezembro do ano passado, um homem bateu em seu carro em um acostamento em uma rodovia.

"Fiquei com medo e pensei em desistir, mas se fico calada, quem salvará os gatos desta situação?", questionou.

Aos 33 anos, ela faz parte de um grupo pequeno, mas muito motivado, que luta contra o maus-tratos de cães e gatos em seu país, diante da falta de uma legislação para proteger os animais. Na China, pegar um animal de estimação andando na rua não é considerado roubo.

E, embora, consumir carne de felinos seja proibido, quem descumpre a lei é punido por violar a segurança alimentar e não por crueldade contra animais.

Ativistas e alguns analistas da imprensa estatal pedem cada vez mais uma legislação que proteja os animais domésticos.

Apesar da falta de recursos, no mês passado, com a ajuda destes militantes e da polícia local, Han Jiali conseguiu a apreensão de um caminhão que transportava 800 gatos nos arredores de Zhangjiagang, perto de Xangai.

Segundo ela, os gatos foram capturados após ficarem presos em um cemitério. "Ao vê-los, entendemos rapidamente que tinham a intenção de vendê-los ilegalmente", disse.

Os animais estão agora na cidade de Taicang, em um abrigo gerido por Gu Ming e sua esposa.

Muitos resgatados estavam com ossos quebrados pelo peso dos outros animais dentro do caminhão. Dezenas morreram devido a ferimentos ou infecções virais, que se espalharam rapidamente entre os outros.

Os doentes foram isolados e cuidados por veterinários. Após semanas de tratamento, um primeiro grupo foi transferido para um local amplo ao ar livre com árvores e camas forradas com cobertores.

Gu Ming pretende transferir os animais para uma pequena ilha próxima a um templo local onde outros animais resgatados podem descansar na grama e explorar o ambiente natural.

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