Nas primeiras horas de sábado dia 7 de outubro, o grupo palestino Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel, matando cerca de 1.400 pessoas e fazendo mais de 200 reféns, segundo dados das autoridades israelenses.
Desde esse dia, e já há mais de um mês, os contínuos ataques aéreos israelenses à Faixa de Gaza e a recente invasão terrestre mataram milhares de pessoas e causaram danos devastadores ao território.
Milhares de mortos e feridos nos dois lados
Israel afirma que mais de 1.400 israelenses e cidadãos estrangeiros foram mortos em consequência do ataque de 7 outubro lançado pelo Hamas — considerado um grupo terrorista no Reino Unido, na União Europeia e nos EUA.
As autoridades israelenses identificaram 1.159 dos mortos naquele dia, incluindo 828 civis e 31 crianças.
Entretanto, do lado palestino, quando a guerra entrava na sua quinta semana, o número de mortos em Gaza e na Cisjordânia atingiu um marco sem precedentes.
O Ministério da Saúde palestino em Gaza, dirigido pelo Hamas, informou em 6 de novembro que mais de 10 mil tinham sido mortas, entre elas mais de 4.100 crianças. Ou seja, em média, uma criança foi morta a cada 10 minutos.
Alguns políticos, incluindo o presidente dos EUA, Joe Biden, questionaram a exatidão dos números fornecidos pelo Ministério da Saúde palestino, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma acreditar que os números são confiáveis.
A guerra deixou cerca de 5.400 feridos em Israel e mais de 25.400 feridos em Gaza e na Cisjordânia, segundo as autoridades israenses e o Ministério da Saúde palestino, respetivamente.
Cerca de 2.260 estão desaparecidos em Gaza, incluindo 1.270 crianças. Acredita-se que a maioria dos desaparecidos esteja soterrada sob os escombros.
A grande crise dos reféns
O ataque surpresa do Hamas em 7 de outubro criou uma das maiores crises envolvendo reféns já vistas. Segundo as autoridades de Israel, cerca de 242 cidadãos nacionais e estrangeiros estão detidos pelo Hamas, incluindo mais de 30 crianças.
O Hamas afirma que 57 dos reféns foram mortos por ataques israelenses em Gaza.
Quatro reféns civis, incluindo uma jovem de 17 anos, foram liberadas pelo Hamas desde 20 de putubro.
O exército israelense disse ter resgatado, em operação terrestre realizada em 29 de outubro, uma soldada mantida em cativeiro desde 7 de outubro.
Mais de metade da população de Gaza se deslocou internamente
A Faixa de Gaza tem população de mais de 2,2 milhões de pessoas, das quais mais de metade são crianças.
Em 13 de outubro, Israel determinou que os civis evacuassem o norte de Gaza em direção ao sul.
Após um mês de ataques aéreos israelenses, mais de 200 mil unidades habitacionais em Gaza foram danificadas ou destruídas — isto é, cerca de metade das unidades no território, segundo as autoridades de Gaza.
Em 5 de novembro, a ONU e órgãos palestinos estimavam que cerca de 1,5 milhão de pessoas em Gaza haviam se deslocado internamente no território e estavam abrigadas em escolas, igrejas, hospitais, abrigos das Nações Unidas, edifícios públicos ou em casas de outras famílias.
Sair de Gaza não é uma opção para os habitantes do território, uma vez que a passagem de Erez para Israel está fechada e a passagem de Rafah para o Egito abre apenas para evacuar cidadãos estrangeiros e alguns dos feridos.
Trabalhadores essenciais mortos
O Ministério da Saúde palestino em Gaza, administrado pelo Hamas, afirma que 16 dos 35 hospitais (46%) e 51 dos 76 centros médicos na Faixa de Gaza estão fora de serviço devido a ataques ou à falta de combustível desde 5 de novembro.
Cerca de 50 ambulâncias foram danificadas, 31 delas estão fora de serviço e pelo menos 175 profissionais de saúde foram mortos, segundo o ministério.
Sob o direito internacional, os trabalhadores humanitários, as equipes de saúde e as suas instalações devem ser protegidos.
A ONU afirma que pelo menos 88 funcionários que trabalhavam para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) foram mortos, juntamente com 18 trabalhadores da defesa civil.
Até 5 de novembro, foram mortos também 46 jornalistas — cuja segurança e trabalho devem ser protegidos de acordo com a Convenção de Genebra de 1949. A contagem é do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA).
O conflito entre Israel e o Hamas culminou no mês mais mortal para jornalistas que cobrem guerras nas últimas três décadas, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Falta de água catastrófica
Para aqueles que conseguiram sobreviver à guerra até agora, a vida é extremamente difícil em Gaza, com escassez de alimentos, pouca água disponível e riscos iminentes para a saúde.
A OMS afirmou em meados de outubro que as famílias e crianças em Gaza estavam dependendo de apenas três litros de água por pessoa por dia para beber, cozinhar e usar na higiene. O mínimo descrito como limite de emergência é de 15 litros por pessoa por dia.
Ultimamente, muito pouco abastecimento de água entrou em Gaza através da passagem de Rafah. A infraestrutura de abastecimento de água também foi danificada.
Em 5 de novembro, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários informou que o consumo de água em Gaza tinha diminuído em média 92% em comparação com os níveis anteriores à guerra, e que a maioria das 65 estações elevatórias de esgoto não estavam operando.
Em 31 de outubro, a OMS alertou que os deslocamentos em massa, a superlotação e os danos na infraestrutura de saneamento poderiam causar uma "catástrofe iminente de saúde pública" em Gaza.
*A UNOCHA afirma que não verificou de forma independente os números fornecidos por autoridades palestinas e israelenses.
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