Reino Unido

Charles III pronuncia seu primeiro 'Discurso do Rei' no parlamento

Este é o primeiro 'Discurso do Rei' de um monarca masculino em 70 anos, embora Charles já o tivesse feito como herdeiro em maio de 2022

O rei Carlos III da Grã-Bretanha, vestindo a Coroa Imperial do Estado e o Manto do Estado, lê o discurso do Rei no Trono do Soberano na câmara da Câmara dos Lordes -  (crédito: Arthur EDWARDS / POOL / AFP)
O rei Carlos III da Grã-Bretanha, vestindo a Coroa Imperial do Estado e o Manto do Estado, lê o discurso do Rei no Trono do Soberano na câmara da Câmara dos Lordes - (crédito: Arthur EDWARDS / POOL / AFP)
postado em 07/11/2023 15:50

Pela primeira vez como monarca, Charles III proferiu, nesta terça-feira (7), o seu primeiro 'Discurso do Rei' no Parlamento britânico, no qual o governo conservador de Rishi Sunak tentou apresentar uma visão de "longo prazo", com a intenção de ganhar votos para as eleições legislativas. 

Para perpetuar o legado da sua "querida mãe" Elizabeth II, Charles cumpriu o ritual da vida política britânica, que marca o início da última sessão parlamentar antes das próximas eleições, que devem acontecer até janeiro de 2025.

Este é o primeiro 'Discurso do Rei' de um monarca masculino em 70 anos, embora Charles já o tivesse feito como herdeiro em maio de 2022, quando o proferiu em nome da sua mãe, cuja saúde era delicada. 

Depois de chegar de carruagem ao Palácio de Westminster, o soberano, que completa 75 anos no dia 14 de novembro, foi recebido por dezenas de manifestantes que gritavam "Não é o meu rei!" e "Que desperdício de dinheiro!", algo inimaginável durante o reinado de sua mãe.

- Planos de Sunak -

Com a coroa imperial na cabeça e sentado no trono dourado da Câmara dos Lordes, ao lado da rainha Camilla, o rei pronunciou o discurso de 10 minutos. 

Após a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, que contribuíram para a grave crise e para o aumento do custo de vida no Reino Unido, "a prioridade do meu governo é tomar decisões difíceis, mas necessárias, a longo prazo, para mudar o país", afirmou o monarca, no discurso preparado pelo primeiro-ministro, Rishi Sunak.

Foi, portanto, também o primeiro 'Discurso do Rei' de Sunak desde que sucedeu Liz Truss, que por sua vez substituiu Boris Johnson como primeira-ministra apenas dois dias antes da morte da rainha, e cujo governo durou dois meses.

"Ciente do legado de serviço e devoção a este país deixado pela minha querida mãe, a falecida Rainha, pronuncio este, o primeiro 'Discurso do Rei' em mais de 70 anos", disse Charles ao iniciar o discurso. 

No pronunciamento, Sunak fez da lei e da ordem um campo de batalha eleitoral crucial ao propor diretrizes mais duras para sentenças judiciais e o fim da libertação antecipada para quem cometeu crimes sexuais.

Ele também destacou as diferenças que mantém com o Partido Trabalhista, liderado por Keir Starmer, sobre meio ambiente e energia. 

O discurso propôs uma lei que concederia anualmente novas licenças para projetos de petróleo e gás no Mar do Norte, o que, segundo Sunak, reduziria a dependência do Reino Unido da energia estrangeira e criaria empregos. 

Charles, que dedicou a sua vida às causas ambientais, pronunciou estas medidas sem qualquer expressão no rosto, seguindo a convenção de que o monarca está acima da política.

O discurso, cujo conteúdo político costuma ser vago e geral, constitui uma das últimas chances para Rishi Sunak mudar a tendência das pesquisas, hoje favoráveis aos trabalhistas.

Na boca do rei, o ex-ministro da Economia, de 43 anos, repetiu o desejo de combater a inflação e de baixar o preço das contas para os cidadãos britânicos, além de formar mais médicos e enfermeiros e proibir de forma progressiva a venda de cigarros no Reino Unido.

Rishi Sunak também mostrou no discurso que quer criar "novos marcos jurídicos" para apoiar o desenvolvimento de veículos autônomos e incentivar a inovação em setores como a Inteligência Artificial (IA).

Como era de se esperar, esses planos foram criticados pela oposição durante o debate parlamentar após o discurso. O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, criticou um governo que promete "sempre a mesma coisa".

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