Guerra no Leste Europeu

Guerra na Ucrânia: Kiev denuncia o maior bombardeio russo no ano

Forças russas atacam 118 localidades em 10 regiões diferentes da ex-república soviética. Ativista Nobel da Paz e cientista político ucraniano falam ao Correio

Militares ucranianos se abrigam de chuva, em frente a afrescos da Catedrão de St. Michael, em Kiev        -  (crédito: Sergei Supinsky/AFP)
Militares ucranianos se abrigam de chuva, em frente a afrescos da Catedrão de St. Michael, em Kiev - (crédito: Sergei Supinsky/AFP)
Ana Paula Sousa - Especial para o Correio
postado em 02/11/2023 06:05

Cerca de 118 localidades de 10 regiões diferentes na Ucrânia foram atingidas por bombardeios russos desde a terça-feira (31/10), na maior ofensiva russa desde o começo do ano. Em 24 de fevereiro de 2022, soldados russos invadiram o país vizinho e atacaram vários vilarejos e cidades. A guerra matou, pelo menos, 200 mil pessoas e deixou o leste da ex-república soviética em ruínas. Diretora do Centro pelas Liberdades Civis, ONG sediada em Kiev e laureada com o Nobel da Paz, em 2022, Oleksandra Matviichuk disse ao Correio que sua equipe documentou 55,8 mil crimes de guerra, como ataques a prédios residenciais, igrejas, hospitais e museus. 

Para Olexiy Haran, professor de política comparativa da Universidade Nacional de Kiev-Mohyla, o ofuscamento do conflito entre Ucrânia e Rússia pela guerra de Israel com o Hamas se encaixa perfeitamente nos planos do presidente Vladimir Putin. "A mudança de foco da mídia sobre tudo o que ocorre no país beneficia Putin, que continua bombardeando a população diariamente", criticou.

Um ataque russo a uma refinaria de petróleo em Kremenchuk, no centro do país, apesar de não ter feito vítimas, levantou preocupações da Ucrânia e de aliados ocidentais. Autoridades temem uma intensificação de bombardeios em instalações do setor de energia da Ucrânia durante o inverno intenso. "Esse é um plano tradicional do Exército russo. Estamos nos preparando para isso. Entretanto, da mesma forma que não sabemos como sobrevivemos ao último inverno, não sabemos como será este. Tudo depende de como a natureza vai agir e quão efetiva será a defesa ucraniana", declarou Haran à reportagem. 

Por sua vez, Matviichuk  conta que os ataques contra o setor de energia, no ano passado, colocaram a população do país em um momento difícil de sobrevivência. Ela vê o ataque como uma punição aos civis ucranianos pela resistência à guerra. "Consideramos tal ação um crime contra a humanidade", afirmou.

Autoridades locais informaram que, na região de Kharkiv, nordeste do país, bombardeios noturnos deixaram pelo menos um morto. Outro civil morreu em decorrência dos ataques em Kherson, no sul do país. Em Nikopol (sul), um drone matou um morador e feriu quatro. De acordo com a Força Aérea ucraniana, 18 dos 20 drones russos lançados durante a noite foram abatidos. 

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