Depois de 26 dias de guerra, que custou pelo menos 10 mil mortes —8.600 do lado palestino e 1.400 do lado israelense — e lançou a Faixa de Gaza à beira de uma catástrofe humanitária histórica, o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben, alerta: "nada justifica os crimes e massacres". O diplomata pontuou que o Exército de Israel age motivado pelo ódio e pelo desejo de vingança. Em 7 de outubro, extremistas do grupo fundamentalista islâmico Hamas invadiram kibbutzim e cidades do sul de Israel e executaram 1.400 pessoas, entre israelenses e estrangeiros. Os extremistas do Hamas também sequestraram 240 pessoas e as levaram para a Faixa de Gaza.
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O governo de Benjamin Netanyahu mobilizou 300 mil soldados e iniciou uma campanha sistemática de bombardeios ao enclave palestino. Nos últimos dias, tanques e infantaria das Forças de Defesa de Israel invadiram Gaza, enquanto a aviação manteve os bombardeios. Gaza enfrenta escassez de água e de alimentos, e existe o temor de epidemias provocadas pelos corpos sob os escombros. Hospitais estão à beira do colapso, ante a falta de eletricidade e de combustível para alimentar os geradores. Netanyahu descartou um cessar-fogo. Prometeu eliminar o Hamas e resgatar todos os reféns.
Leia abaixo o depoimento de Alzeben ao Correio:
"A única explicação que milhares de pessoas esclarecidas apresentaram, pela qual milhões saíram às ruas nas cidades e capitais de todo o mundo, e pela qual 120 países votaram na Assembleia Geral das Nações Unidas, é o ódio, o racismo e o espírito de vingança. Eles (israelenses) jamais deveriam caracterizar um país que faz parte da comunidade de 193 nações do mundo, mas, sim, o espírito de uma gangue sangrenta.
Com o amanhecer do sangrento 26º dia e o início do avanço terrestre do Exército israelense, aumentam os receios de mais massacres e limpezas étnicas.
Israel utilizou uma política de terra arrasada e despejou centenas de milhares de toneladas de fósforo branco explosivo e incendiário, arma internacionalmente proibida, sobre as cabeças de civis.
A população civil apela ao mundo, com todos os seus países e instituições, para que intervenham para deter o massacre, o genocídio, a destruição, o discurso de ódio — que líderes políticos e militares israelenses fazem diante dos olhos do mundo.
Quando acordará a consciência global para pôr fim à limpeza étnica na Palestina ao longo de sete décadas?
O povo palestino não tem outra escolha, a não ser permanecer paciente, firme e continuar a bater em todas as portas para obter justiça. A lógica do uso da força somente provoca destruição, ódio e desejo de vingança.
Os próximos dias provarão o absurdo da violência e do remorso, que não serve para nada. Essa guerra devastadora fez mais de 30 mil vítimas inocentes, e os hospitais em Gaza estão fazendo um apelo desesperado para salvar milhares de feridos, à medida que o combustível acaba, o equipamento médico é desligado, as equipes de resgate param e vidas inocentes são exterminadas."
Ibrahim Alzeben, embaixador palestino em Brasília