Durante visita a Israel, o presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu a formação de uma coalizão internacional para combater o grupo extremista Hamas. Em Jerusalém, Macron se reuniu com membros do governo israelense, incluindo o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o presidente, Isaac Herzog. O líder francês sugeriu a expansão da aliança militar criada em 2014 contra o Estado Islâmico (EI), na Síria e no Iraque, para atuar contra a facção que comanda a Faixa de Gaza.
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"A coalizão não vai acontecer", disse ao Correio Aaron David Miller, especialista do Carnegie Endowment for International Peace e ex-negociador de paz dos EUA para o conflito israelo-palestino, entre 1988 e 2003. Segundo ele, a tendência é de que os países europeus não embarquem na proposta. "É apenas um ponto de discussão", reiterou.
Miller analisa que a imposição de sanções e uma pressão política sobre o Hamas seria mais viável. Ele lembra que o grupo extremista tem braços em outros países do Oriente Médio, além da Faixa de Gaza. "A liderança externa está no Catar. Macron pedirá ao governo de Doha que remova as lideranças políticas do Hamas? Ou para (o presidente Recep Tayip) Erdogan se certificar de que não há presença do Hamas na Turquia?", questiona o especialista. "Com todo respeito ao presidente Macron, acho que ele não pensou nisso com cuidado."
Eytan Gilboa, professor de relações internacionais da Universidade de Bar-Ilan, em Israel, discorda e afirma que "o Hamas é uma ameaça para toda a civilização ocidental"; portanto, "Israel não deveria lutar sozinho" contra o grupo extremista. Mas acrescenta: "Israel está determinado a destruir a infraestrutura militar e de governo do Hamas, com ou sem ajuda internacional".
A coalizão que combateu o Estado Islâmico, e que ainda está em atividade, foi formada por 80 países, sob a liderança dos EUA. Miller destaca as diferenças entre as circunstâncias de 2014 contra o EI e agora, contra o Hamas. Para ele, a grande extensão de território aberto na Síria e no Iraque facilitou o uso de equipamentos militares em larga escala na época. "Em Gaza, um combate urbano aguarda as tropas. Com um inimigo se preparando há meses para uma incursão de Israel por terra. Por que algum país europeu submeteria suas forças a um risco como esse?", indaga.
Os dois especialistas consultados pelo Correio consideram "bem-sucedida" a operação internacional contra o Estado Islâmico. No entanto, Miller diz não ver "lógica" em tentar replicar o modelo contra o Hamas, enquanto Gilboa observa que o grupo continua atuante em partes da África, como o Níger. "O Daesh (acrônimo árabe para o Estado Islâmico) é uma ideia, e ideias são difíceis de liquidar", reforça.
Macron também disse que "o primeiro objetivo que deveríamos ter é a libertação de todos os reféns, sem distinção". Em entrevista ao Correio publicada na segunda-feira, Osama Hamdan, líder sênior do Hamas, afirmou que novas libertações podem ocorrer por "motivos humanitários", mas que "prisioneiros de guerra" (soldados de Israel) serão trocados por palestinos detidos pelas forças judias.
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