Horas depois de veículos de comunicação anunciarem a disposição do Hamas em libertar novos reféns, o grupo extremista palestino soltou, nesta segunda-feira (23/10), as israelenses Nurit Cooper, 79 anos, e Yocheved Lifshitz, 85, capturadas durante os atentados de 7 de outubro. As duas idosas deixaram a Faixa de Gaza por meio da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, depois de uma negociação mediada pelas autoridades egípcias e pelo Catar. O próprio Hamas divulgou um vídeo do momento do resgate: Nurit e Yocheved aparecem ao lado de homens encapuzados, fortemente armados e ostentando uma bandana com as cores da bandeira do grupo. Elas são alimentadas, recebem água e, depois, passam à responsabilidade da Cruz Vermelha.
Em entrevista ao Correio, Osama Hamdan, líder sênior do Hamas, afirmou que a libertação foi feita "por motivos humanitários" e que uma oferta tinha sido feita para que elas fossem enviadas com as duas cidadãs americanas libertadas na última sexta-feira (20/10). "(Benjamin) Netanyahu rejeitou (a primeira oferta). Acredito que ele aceitou (agora) por pressão do povo de lá", disse Hamdan, referindo-se ao primeiro-ministro de Israel.
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Os primeiros reféns libertados de Gaza, na sexta-feira (20), foram as norte-americanas Judith Raanan, 59, e sua filha Natalie, 17. Ao todo, quatro pessoas foram soltas até este momento. O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou que somente falará em cessar-fogo quando todos os reféns ganharem a liberdade. Segundo o último balanço do governo de Israel, o Hamas mantém 220 sequestrados na Faixa de Gaza. Hamdan não confirma a informação e afirmou que o número será anunciado pelo grupo após os bombardeios ao enclave palestino cessarem.
Em relação a possíveis novas libertações, o líder do Hamas indica que elas podem ocorrer, desde que atendam ao critério de "motivos humanitários". Segundo Hamdan, o grupo não faz "nenhuma exigência" para libertá-los, nem garante a segurança do processo. "Israel está disposto a assassinar os reféns para acusar os palestinos de matarem civis."
Ao citar os reféns, Hamdan preferiu usar o termo "prisioneiros de guerra" e afirmou que estes serão trocados por palestinos que teriam sido detidos pelas forças israelenses — ele falou em 5 mil prisões, nos últimos dias. "Eles (palestinos) foram levados de suas casas, dos mercados e das ruas, e conduzidos como reféns para as prisões de Israel, sem terem cometido crime algum."
As Forças de Defesa de Israel (IDF) têm realizado incursões pontuais na Faixa de Gaza, e uma ofensiva terrestre em larga escala deve ocorrer a qualquer momento. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, classificou a ação como "próximo passo" e antecipou tratar-se de uma "operação multilateral por terra, mar e ar". Ao ser questionado sobre o tema, Hamdan alertou: "Se alguém minar as negociações (para a libertação de reféns), será Israel, caso continue o ataque contra os palestinos".