Um soldado americano que desertou e fugiu para Coreia do Norte antes de ser deportado para os EUA foi acusado de deserção, de agressão a colegas militares, de contratar serviços de prostitutas e de possuir imagens pornográficas de uma criança, de acordo com documentos obtidos pela agência de notícias Reuters.
Especializado em reconhecimento de território, o soldado Travis King, de 23 anos, estava em serviço na Coreia do Sul quando entrou na Coreia do Norte em julho, durante um tour guiado em um vilarejo na fronteira.
Pyongyang acabou soltando o militar no mês passado sem dar mais detalhes.
O Exército norte-americano não comentou as acusações. A mãe de King, Claudine Gates, pediu que o direito à presunção de inocência seja garantido ao seu filho.
"O Exército prometeu investigar o que aconteceu em Camp Humphreys [nome da base norte-americana na Coreia do Sul] e eu aguardo os resultados", afirma comunicado.
Segundo a Reuters, King foi formalmente acusado de oito crimes, mas já enfrentava acusações de mau comportamento antes de fugir para a Coreia do Norte. Ele é militar desde 2021 e foi designado para servir na Coreia do Sul.
No país asiático, ele ficou detido durante dois meses por atacar dois outros soldados. Ele havia sido liberado para voltar ao serviço em 10 de julho, oito dias antes de fugir para a Coreia do Norte.
Sua deportação foi negociada por diplomatas da Suécia, que o levaram para a fronteira da Coreia do Norte com a China, de onde ele foi enviado para os EUA.
Americanos detidos na Coreia do Norte
Não há informações claras sobre como King foi tratado na Coreia do Norte durante os dois meses que ficou no país, por que ele fugiu para lá e por qual motivo Pyongyang decidiu libertá-lo.
O soldado não é o primeiro americano detido no país.
Desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953, dezenas de milhares de soldados dos EUA permanecem na Coreia do Sul.
Juntamente com os seus aliados sul-coreanos, as forças dos EUA realizam regularmente exercícios militares em grande escala na península, atraindo frequentemente declarações furiosas do governo de Pyongyang.
Mas apesar dessas tensões e da falta de relações diplomáticas formais entre os EUA e a Coreia do Norte, um pequeno mas constante fluxo de americanos visita o país em viagens organizadas — algo proibido por Washington.
“Não viaje para a Coreia do Norte devido ao sério risco contínuo de prisão e detenção de longo prazo de cidadãos dos EUA”, diz um aviso de viagem redigido no site do Departamento de Estado dos EUA.
“O governo dos EUA não consegue fornecer serviços de emergência aos cidadãos dos EUA na Coreia do Norte.”
Cidadãos norte-americanos foram detidos na Coreia do Norte várias vezes desde 1996, incluindo turistas, acadêmicos e jornalistas.
Em julho de 2017, o governo dos EUA proibiu os cidadãos norte-americanos de visitar o país — uma medida que foi prorrogada até pelo menos agosto deste ano.
*com informações de George Wright