A vasta coleção de artes de Silvio Berlusconi, que morreu em junho último, foi ridicularizada por um dos principais críticos de arte da Itália.
Segundo Vittorio Sgarbi, as 25 mil pinturas são, em grande parte, obras de baixa qualidade e de pouco ou nenhum valor comercial.
O ex-primeiro-ministro italiano comprou muitas de suas pinturas e esculturas em programas noturnos de televendas.
Gerenciar a extensa coleção está sendo uma dor de cabeça para os herdeiros dele.
As compras do bilionário estão guardadas em um armazém de 3.200 m² próximo à mansão dele, na região de Milão. Elas incluem pinturas de Madonas, imagens de mulheres nuas e paisagens urbanas de Paris, Nápoles e Veneza, entre outras, segundo o jornal La Repubblica.
Mas a coleção não impressionou Sgarbi. Ele disse a uma revista que “pessoas que sabem pouco sobre arte” poderiam gostar de visitar um museu que contenha as obras.
Há talvez seis ou sete pinturas, entre essas 25 mil, com algum valor artístico, acrescentou ele.
Estima-se que a coleção inteira valha cerca de 20 milhões de euros (R$ 107 milhões), uma média de 800 euros (R$ 4.280) por pintura.
Berlusconi, que dominou a política italiana desde o início da década de 1990, tinha um patrimônio líquido de cerca de 6 bilhões de euros (R$ 32 bilhões) no momento da sua morte.
No entanto, ele também possuía pinturas de qualidade superior. A casa principal dele foi decorada com obras do pintor renascentista Ticiano e do holandês Rembrandt.
Cesare Lampronti, um negociante de artes radicado em Londres que manteve uma relação estreita com Berlusconi durante três décadas, disse à BBC que o bilionário era um comprador compulsivo.
“Ele gostava de comprar retratos de mulheres que dava de presente aos amigos. Quando era mais jovem, comprava em galerias e em revendedores, mas mais tarde passou a comprar em leilões de TV”, disse Lampronti.
"Ele sabia que o que estava comprando não valia nada."
Os herdeiros de Berlusconi estão descobrindo que a enorme coleção é um fardo pesado. O armazém que a abriga custa cerca de 800 mil euros (R$ 4,2 milhões) por ano para funcionar, disse o La Repubblica.
Os cupins já destruíram parte da coleção. Em alguns casos, o custo para exterminar as pragas supera o valor das pinturas.