Horror no Oriente Médio

Famílias de reféns do Hamas estão ansiosas por respostas

Em entrevista ao Correio, parentes de sequestrados durante o ataque de 7 de outubro relatam a angústia da falta de notícias e o medo. ONG adverte contra uso dos reféns como moedas de troca pelo Hamas

ISABELA STANGA / ESPECIAL PARA O CORREIO

Pelo menos 203 pessoas foram sequestradas e mais de 100 estão desaparecidas em 13 dias de conflito na Faixa de Gaza, de acordo com as Forças de Defesa de Israel (IDF). Ainda não se tem notícias da maioria delas, o que aterroriza familiares ansiosos por respostas. "As famílias não sabem o que esperar. Existem diversas possibilidades, todas horríveis: estão mortos, perdidos ou com o Hamas", afirma, ao Correio, Victor Asal, especialista em assuntos internacionais da Universidade de Albany, em Nova York.

Adva Gutman espera por notícias da irmã Tamar Gutman, que estava na rave invadida por integrantes do Hamas, no último dia 7. A mulher de 27 anos tem doença de Crohn, condição inflamatória crônica que afeta o trato digestivo, e depende de doses diárias de remédios para se manter viva. "O mais problemático é não saber o que aconteceu com ela (...) O Hamas estupra e escraviza as mulheres. Minha irmã é uma menina linda, não quero nem pensar pelo que ela pode estar passando", disse ao Correio.

Lishay Lavi, que mora próximo a Gaza, aguarda informações do marid, Omri Miran, 46, sequestrado no kibbutz em que o casal e as duas filhas moravam. Omri foi levado para outro local após algumas horas. Lishay e as crianças foram resgatadas por forças israelenses. "Minha filha mais velha tem 2 anos e chora todas as noites pelo pai e pelo nosso cachorro, Mojo. Ela sempre deseja a eles uma boa noite", conta. No último sábado, Mojo foi encontrado. Adva e Lishay fazem parte de um movimento apelidado quartel-general das famílias sequestradas e desaparecidas.

Barganha

Trinta dos sequestrados são crianças. A organização Human Rights Watch (HRW) condenou o grupo palestino pelos sequestros. "Civis, incluindo crianças, pessoas com deficiência e idosos não deveriam ser usados como elemento de barganha", afirmou Lama Fakih, diretor para o Oriente Médio e o norte da África. As implicações sociais e políticas dificultam a ação imediata do governo israelense, avalia o especialista Victor Asal. "Não há como dar ao Hamas o que querem. Não há negociação possível", comenta.

Ahmad Grarabli/AFP - Memorial às vítimas do Hamas, no auditório da Universidade de Tel Aviv

Ontem, familiares homenagearam os cidadãos israelenses mortos, sequestrados e desaparecidos. Retratos de todas as vítimas do conflito ocuparam as cadeiras do auditório Smolarz da Universidade de Tel Aviv. O memorial recebeu o nome de Unidos contra o Terrorismo.

 

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