Cerca de 20 caminhões carregados com alimentos, água e suprimentos médicos poderão ser autorizados a entrar na Faixa de Gaza nos próximos dias.
A ajuda será entregue pela fronteira do Egito com Gaza após uma negociação entre o presidente norte-americano Joe Biden e o líder egípcio Abdul Fattah al-Sisi.
Israel cortou a eletricidade, a maior parte da água e interrompeu o fornecimento de alimentos e medicamentos a Gaza após um ataque feito pelo Hamas no dia 7 de outubro.
Desde então, os cerca de 2,2 milhões de moradores da Faixa de Gaza têm vivido um repentino desabastecimento de suprimentos básicos. Mas as principais organizações humanitárias alertam que essa ajuda será apenas uma gota no oceano.
Ao mesmo tempo, o governo israelense tem dado sinais de que suas forças estão preparadas para invadir Gaza por terra com o objetivo de eliminar de uma vez por todas o grupo extremista.
“A ONU informou que são necessários pelo menos 100 caminhões de assistência humanitária para apoiar os milhões de civis que vivem em Gaza”, disse Shaina Low, do Conselho Norueguês para os Refugiados, à BBC.
Philippe Lazzarini, comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), disse à BBC que, antes da guerra, cerca de 500 caminhões entravam por dia em Gaza carregados com ajuda humanitária, combustível e outros produtos.
Juliette Touma, porta-voz do órgão da ONU na Jordânia, disse à BBC que, mesmo antes do início da guerra, 1,2 milhão de pessoas dependiam da ajuda alimentar da UNRWA.
"A pobreza é muito, muito elevada na Faixa de Gaza. Mesmo antes da guerra a situação já era desesperadora. Agora, está se tornando trágica", disse.
O acordo para permitir a entrada de uma quantidade limitada de ajuda através da passagem de Rafah, no Egito, foi negociado por Biden e Al-Sisi na quarta-feira (18/10) após uma breve visita do presidente norte-americano a Israel.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou na quarta que Israel “não impediria” o fornecimento do Egito para a população civil no sul de Gaza.
No entanto, o governo dele apenas concordou em permitir a entrada de alimentos, água e suprimentos médicos — e não outros produtos como combustível.
Um relatório da ONU sobre Gaza afirma que o combustível é uma necessidade básica e que a falta dele contribui para a crise hídrica na região, pois as centrais de dessalinização e as bombas de água deixam de funcionar.
Lazzarini disse que, se o combustível não puder ser entregue, serão necessários muito mais caminhões para transportar água.
O acordo de ajuda oferece um ponto de esperança para milhões de pessoas dentro de Gaza. Antes dessas negociações, não estava claro como a ajuda chegaria aos civis.
Israel disse que não permitiria que nenhuma ajuda passasse pelo seu próprio território até que os reféns detidos pelo Hamas fossem libertados. Mas a assistência não conseguiu ser entregue nem mesmo pela passagem de Rafah, através do Egito.
Em declarações ao programa Newshour da BBC, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito, Sameh Shoukry, disse que isso se deve ao fato de a travessia ter sido alvo de quatro bombardeios aéreos e que não houve autorização para a passagem segura de cargas e caminhões para Gaza.
“Espero que haja um posicionamento sobre a razão pela qual a travessia está sendo bombardeada e por quem está sendo bombardeada”, disse ele.
O cronograma exato sobre quando a ajuda chegará ainda não está claro. A estrada que cruza Rafah precisa de reparos antes que os caminhões comecem a entrar.
Mas Mohsen Sarhan, do Banco de Alimentos do Egito, disse que o tempo — assim como os suprimentos — está se esgotando. Ele disse que 120 caminhões estão prontos para entregar ajuda e aguardam na fronteira para uma passagem segura.
"Estamos muito irritados porque sabemos que as pessoas de lá ficaram sem água. Ficaram até sem sacos para cadáveres. Ficaram sem tudo."
Chefe de segurança do Hamas morto
Um braço de mídia vinculado ao Hamas afirmou na quinta-feira (19/10) que o chefe das forças de segurança do grupo, Jehad Mheisen, foi morto em Gaza.
Membros da família dele também teriam morrido.
A viúva de um cofundador do Hamas, Abdel Aziz al-Rantisi, também teria sido morta durante a noite.
As mortes são as mais recentes entre os quadros mais altos do Hamas no que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descreveu como a "longa guerra" que o seu país está travando contra o grupo.
Na quarta-feira, a agência de notícias AFP informou que Jamila Al-Shantee, a primeira mulher eleita para a liderança política do Hamas, foi morta num ataque israelense.
No início desta semana, as Forças de Defesa de Israel disseram em um post no X, antigo Twitter, que Ayman Nofal, descrito como um "alto funcionário do Hamas", também havia sido morto.