No sábado (7/10), o grupo militante palestino Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel, com centenas de combatentes infiltrados nas comunidades próximas à Faixa de Gaza.
Pelo menos 1,3 mil israelenses foram mortos e dezenas de soldados e civis, incluindo mulheres e crianças, são mantidos em Gaza como reféns.
Milhares de palestinos também foram mortos em inúmeros ataques aéreos do exército israelense à Faixa de Gaza, em represália às ações do Hamas. Israel impôs um bloqueio total ao território, impedindo a entrada de alimentos, combustíveis e outros bens essenciais.
Israel também está reunindo suas forças ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza e os palestinos estão se preparando para uma operação em terra que poderá aumentar ainda mais o número de mortos.
Mas qual foi o histórico que levou aos conflitos atuais?
Como era Israel antes de 1948 e o que foi a Declaração Balfour?
O Reino Unido assumiu o controle da região conhecida como Palestina após a Primeira Guerra Mundial. Até então, ela era governada pelo Império Otomano, que foi vencido no conflito.
A região era habitada por uma minoria judaica e uma maioria árabe, além de outros grupos étnicos menores.
A tensão entre judeus e muçulmanos aumentou quando a comunidade internacional concedeu aos britânicos a tarefa de formar um "lar nacional" para o povo judeu na Palestina.
A decisão foi uma consequência da Declaração Balfour de 1917 – uma promessa do então secretário britânico do Exterior Arthur Balfour (1848-1930) à comunidade judaica do Reino Unido.
A declaração resultou no Mandato Britânico da Palestina, endossado pela recém-criada Liga das Nações (a organização precursora das Nações Unidas) em 1922.
Para os judeus, a Palestina era o seu lar ancestral. Mas os árabes palestinos também reivindicavam a região e se opuseram à mudança.
Entre as décadas de 1920 e 1940, aumentou o número de judeus que chegavam à região. Muitos deles fugiam das perseguições na Europa, especialmente do Holocausto nazista na Segunda Guerra Mundial.
E também aumentou a violência entre judeus e muçulmanos – e contra o mandato britânico.
Em 1947, as Nações Unidas decidiram dividir a Palestina em dois Estados separados, um judeu e o outro, árabe. Jerusalém se tornava então uma cidade internacional.
O plano foi aceito pelos líderes judeus. Mas os árabes o rejeitaram e a ideia nunca foi implementada.
Como e por que foi criado o Estado de Israel?
Incapazes de resolver o problema, os britânicos se retiraram em 1948 e os líderes judeus declararam a criação do Estado de Israel.
A intenção era que o novo país servisse de destino seguro para os judeus perseguidos, além de oferecer um território nacional para o povo judeu.
As lutas entre as milícias árabes e judaicas se intensificaram por meses e, um dia depois de Israel declarar a criação do seu Estado, cinco países árabes atacaram o território.
Centenas de milhares de palestinos fugiram ou foram forçados a sair de casa, no episódio conhecido como Al-Nakba (a "Catástrofe").
Um cessar-fogo pôs fim aos combates no ano seguinte, quando Israel controlava a maior parte do território.
A Jordânia ocupou a região a oeste do rio Jordão (a Cisjordânia) e o Egito ocupou a Faixa de Gaza. Jerusalém foi dividida entre as forças israelenses, no lado ocidental, e as forças da Jordânia, a leste.
Mas, como nunca foi assinado um tratado de paz, as guerras e os combates prosseguiram ao longo das décadas seguintes.
Durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou Jerusalém Oriental e a Cisjordânia, além da maior parte das Colinas de Golã, na Síria, a Faixa de Gaza e a península do Sinai, no Egito.
A maioria dos refugiados palestinos e seus descendentes vivem na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e nos países vizinhos – Jordânia, Síria e Líbano.
Israel não permitiu que nem eles, nem seus descendentes, retornassem às suas casas. O país afirma que o seu retorno sobrecarregaria o país e ameaçaria sua existência como Estado judeu.
Até hoje, Israel ocupa a Cisjordânia e reivindica toda a cidade de Jerusalém como sua capital. Já os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como a capital de um futuro Estado palestino.
Os Estados Unidos são um dos poucos países do mundo que reconhecem a cidade como capital de Israel.
Nos últimos 50 anos, Israel estabeleceu assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, onde vivem hoje mais de 700 mil judeus.
O Conselho de Segurança da ONU e os governos de vários países, incluindo o Reino Unido, consideram que esses assentamentos infringem as leis internacionais. Israel rejeita a acusação.
O que é a Faixa de Gaza?
Gaza é uma estreita faixa de terra que se estende entre Israel e o mar Mediterrâneo, com uma pequena fronteira com o Egito, ao sul.
O território tem apenas 41 km de comprimento por 10 km de largura e abriga mais de dois milhões de habitantes. É um dos lugares mais densamente povoados do planeta.
Após a guerra de 1948-49, a Faixa de Gaza foi ocupada pelo Egito por 19 anos.