O grupo de brasileiros que está na Faixa de Gaza deve chegar neste sábado ao Egito, de onde vai embarcar de volta ao Brasil. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou, nesta sexta-feira, que o país africano concordou em abrir um corredor humanitário para receber as 22 pessoas. Conforme o chanceler, elas vão cruzar a fronteira, de ônibus, pela direção sul. Um avião VC-2, enviado pela Presidência da República, aguarda em Roma a autorização para ir buscar o grupo no território egípcio.
"O governo brasileiro negociou para que os brasileiros que se encontram em Gaza possam sair pelo Egito, é a única forma de sair. Eles sairão nesse ônibus, que os transportará amanhã (neste sábado). E, o que nós propusemos é que saíssem e fossem levados para um aeroporto, uma localidade muito próxima da fronteira, onde um avião da Força Aérea Brasileira estará esperando", disse Vieira, após a reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
Após pressão internacional por um corredor humanitário, o Egito concordou em abrir, neste sábado, a fronteira com Rafah, por onde deve passar um comboio internacional. Além de brasileiros, há repatriados de diversas nacionalidades.
O Brasil resgatou, até agora, mais de 700 brasileiros que estavam em Israel. A operação de repatriação organizada pelo governo é a maior e mais bem-sucedida do país no contexto de guerra.
A reunião do Conselho de Segurança da ONU, comandada por Vieira, que terminou sem acordo para a aprovação de uma resolução a respeito da guerra. O objetivo do encontro foi debater a crise humanitária na região e tentar viabilizar a abertura de mais corredores para a passagem, não só de pessoas como de medicamentos, água e alimentos.
A falta de consenso não causa surpresa, já que países com posturas antagônicas integram o conselho, como Estados Unidos, Rússia e Emirados Árabes Unidos. Apesar de não terem chegado a um acordo, segundo o Itamaraty, as negociações vão continuar, de modo informal, para analisar as propostas apresentadas na reunião. "É uma negociação diplomática envolvendo a situação de uma guerra, então, não sei quanto tempo será necessário para acomodar as posições", explicou o chanceler.
O encontro foi convocado pelo Brasil, que ocupa a cadeira rotativa da presidência do Conselho neste mês. Inicialmente, a reunião estava marcada para a próxima semana, mas acabou sendo antecipada por cauda da escalada do conflito.
"O Brasil vai continuar trabalhando por uma posição única, com abertura de avenidas possíveis de negociação. O objetivo principal é o estabelecimento de corredores humanitários para acesso a Gaza", enfatizou Vieira.
Nesta sexta-feira, o ministro conversou com o chanceler de Israel, Eli Cohen, e com o da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan Al Saud, para articular formas de conter o agravamento da crise humanitária. Eles também debateram a situação dos reféns mantidos pelo Hamas.
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Congresso
No Brasil, a oposição tem cobrado uma postura mais dura do governo em relação ao Hamas. O Executivo federal não classifica o grupo como terrorista — seguindo orientações da ONU. Mas essa postura do país está sendo usada como munição para ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT.
A presidente da sigla, Gleisi Hoffmann (PT), publicou, nesta sexta-feira, um esclarecimento sobre o posicionamento adotado pela legenda e lamentou a "quantidade de mentiras que a extrema direita vem espalhando desde o início desta guerra na Faixa de Gaza".
O debate provocou a convocação de Mauro Vieira pela Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado. O chanceler confirmou presença na sessão, quarta-feira. (Colaborou Luana Patriolino)
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