A Human Rights Watch, entidade internacional de direitos humanos, acusa Israel de usar fósforo branco nos ataques contra a Faixa de Gaza e no Líbano, entre terça-feira (10/10) e quarta-feira (11/10). O uso da munição contra civis é proibido pela Organização das Nações Unidos (ONU), podendo configurar crime de guerra. O fósforo branco é um armamento que provoca incêndios quando entra em contato com o oxigênio. Militares israelenses negaram a acusação.
Gaza é uma região densamente povoada. Em 40 quilômetros de extensão, o local abriga 2,3 milhões de pessoas. A idade média da população é de 17 anos. “Sempre que o fósforo branco é usado em áreas civis lotadas, representa um elevado risco de queimaduras excruciantes e sofrimento para toda a vida”, explica Lama Fakih , diretor do Médio Oriente e Norte de África da Human Rights Watch.
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A entidade internacional de direitos humanos conversou com duas pessoas que presenciaram o ataque com a munição incendiária em Gaza. Ambas descreveram o cheiro que exalou após o armamento ser disparado como "sufocante". "O fósforo branco inflama quando exposto ao oxigênio atmosférico e continua a queimar até ser privado de oxigênio ou esgotado. Sua reação química pode criar calor intenso (cerca de 815°C/1.500°F), luz e fumaça", pontua a Human Rights Watch.
O fósforo branco pode queimar as pessoas até os ossos, pois é altamente solúvel em gordura e, portanto, na carne humana. Fragmentos da munição podem agravar feridas mesmo após o tratamento, podendo entrar na corrente sanguínea e causar falência de múltiplos órgãos. Feridas já tratadas podem reacender quando os curativos são removidos e o ferimento é exposto novamente ao oxigênio.
"A utilização de fósforo branco em áreas densamente povoadas de Gaza viola o requisito do direito humanitário internacional de tomar todas as precauções possíveis para evitar ferimentos em civis e perda de vidas", ressalta a Human Rights Watch. O Ministério das Relações Exteriores da Palestina também acusou o exército israelense de usar a munição proibida.
Usos anteriores
Pela legislação internacional, a utilização do fósforo branco só é permitida contra alvos militares, se for usada como cortina de fumaça para esconder as tropas ou como forma de iluminar o campo de batalha. Entretanto, embora o uso contra civis seja vedado, a Human Rights Watch já registrou o uso da munição na história recente, inclusive em Gaza, no ano de 2009.
"Em 2013, em resposta a uma petição ao Supremo Tribunal de Justiça de Israel sobre a utilização de fósforo branco em Gaza, os militares israelitas declararam que deixariam de utilizar fósforo branco em áreas povoadas, exceto em duas situações restritas que revelaram apenas aos juízes", disse a entidade.
No ano passado, a Ucrânia também acusou a Rússia de usar o fósforo branco. O país negou as acusações.
Desde o início do conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas, mais de 2,8 mil pessoas morreram, sendo 1,5 mil em Gaza e 1,3 mil em Israel. Nesta sexta-feira (13/10), o exército israelense ordenou a saída da população, em até 24 horas, do norte da Faixa de Gaza para o sul, em meio a intensificação dos bombardeios no local.
Segundo a ONU, é impossível que toda essa população se desloque em tão pouco tempo. A entidade ressaltou que a situação pode causar consequências humanitárias devastadoras. "As Nações Unidas pedem, com firmeza, que, se confirmada, anule-se qualquer ordem deste tipo, evitando o que pode transformar o que já é uma tragédia em uma situação calamitosa", disse.
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