A Faixa de Gaza pode estar à beira de uma nova crise humanitária se a entrada de suprimentos e de serviços básicos na região não for autorizada por Israel, segundo as autoridades palestinas.
O bloqueio vem sendo imposto por Israel enquanto combate as forças do Hamas, informou o governo israelense.
Os palestinos dizem que a ajuda humanitária não está chegando ao local desde sábado. Na segunda-feira (09/10), Israel declarou um "cerco total" ao território, afirmando que eletricidade, alimentos, combustível e água seriam cortados.
Cerca 2,3 milhões de pessoas vivem em Gaza, 80% das quais dependem de auxílio para ter acesso a esses recursos.
Mais de 500 pessoas morreram na região durante os ataques de retaliação de Israel.
A ação é uma resposta a ataques lançados pelo Hamas ao longo do fim de semana, que mataram pelo menos 700 pessoas em Israel.
Israel controla a costa e o espaço aéreo de Gaza, além de restringir quem e quais mercadorias podem atravessar suas fronteiras.
O Egito também controla rigorosamente o que ou quem pode passar pela sua própria fronteira com Gaza.
Desde que os ataques começaram, na manhã de sábado, Israel interrompeu todo tipo de fornecimento de recursos a Gaza, incluindo alimentos e medicamentos.
Muitos pontos estão sem eletricidade e internet, e poderão em breve ficar sem abastecimento essencial de alimentos e água.
As autoridades alertaram que o combustível vai acabar dentro de 24 a 72 horas.
A agência humanitária da ONU, conhecida pela sigla OCHA, também alertou para o fato de o abastecimento de combustível durar alguns dias.
Mesmo antes das últimas restrições, os residentes de Gaza já enfrentavam insegurança alimentar generalizada, restrições à circulação e escassez de água.
Na segunda-feira, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que iria impor um "cerco completo" ao território.
"Sem eletricidade, sem comida, sem água, sem gás. Está tudo fechado", disse ele, acrescentando que "estamos lutando contra animais e agindo de acordo".
O Ministério da Infraestrutura de Israel ordenou mais tarde o corte imediato do abastecimento de água a Gaza. "O que foi no passado não será mais no futuro", afirmou a pasta em comunicado.
Em um comunicado divulgado antes desses anúncios, o Ministério da Saúde da Palestina disse que os hospitais da região enfrentavam escassez de medicamentos, suprimentos médicos e combustível devido às ações de Israel.
A pasta apelou aos órgãos internacionais para instarem Israel a "reiniciar as linhas elétricas" e a suprir as necessidades de emergência sob a forma de medicamentos, combustível e geradores de energia.
Israel lançou ataques aéreos de retaliação contra Gaza desde sábado, matando pelo menos 511 pessoas e ferindo 2.750, segundo o Ministério da Saúde palestino.
A noite de domingo registrou uma série de ataques particularmente intensos, potencialmente os maiores que Gaza já sofreu em anos - durante toda a noite várias explosões foram ouvidas em toda a Faixa de Gaza.
À medida que os ataques continuavam após o amanhecer, a fumaça negra enchia o céu e a poeira dos edifícios derrubados podia ser sentida no ar.
Israel parece ter como alvo essas áreas para tentar reforçar a segurança.
Também houve relatos de que Israel usou fogo de artilharia na área fronteiriça.
Israel disse que está atacando alvos do Hamas em Gaza, mas há relatos de civis atingidos.
O Ministério das Relações Exteriores palestino disse que dois campos de refugiados em Gaza, Al-Shati (também conhecido como campo da Praia) e campos de Jabalia – foram atingidos por ataques aéreos israelenses, deixando vários mortos e feridos.
Um vídeo compartilhado na internet mostrou um caos generalizado em Jabalia, incluindo um corpo sendo levado e um homem coberto de sangue e poeira.
O ministério das Relações Exteriores da Palestina também afirmou que os ataques aéreos atingiram uma escola da ONU em Gaza que abrigava centenas de civis, incluindo crianças e idosos.
A ONU confirmou o ataque, dizendo que a escola foi "severamente danificada", mas que ninguém morreu.
Também houve relatos de uma mesquita, bem como de casas, sendo atingidas.
Segundo a agência de notícias Associated Press, 19 membros de uma mesma família foram mortos em um ataque em Rafah, no sul de Gaza.
A ONU disse na segunda-feira que 123.538 pessoas em Gaza estão desalojadas desde o início dos ataques de Israel, principalmente "devido ao medo, às preocupações com a proteção e à destruição das suas casas".
A organização acrescentou que 73 mil pessoas estão abrigadas em escolas.