Direitos humanos

Irã: ONG denuncia ameaças a amigos de garota em coma

Armita Garawand foi abordada pela Polícia da Moralidade por não usar o hijab (véu islâmico) de forma adequada e supostamente empurrada contra barra de metal, no metrô de Teerã

Em meio à repercussão internacional do caso envolvendo uma garota de 16 anos agredida pela Polícia da Moralidade, no metrô de Teerã, a organização não governamental Hengaw denunciou ações intimidatórias contra amigos e colegas da iraniana. Até a noite desta quarta-feira (4/10), Armita Garawand seguia em coma profundo na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Farj, na capital do Irã. "Hoje (4/10), uma equipe de agentes de segurança chegou à escola de Armita e ameaçou os amigos dela para que não publiquem nenhuma informação sobre o caso", relatou ao Correio Karamaran Taimori, membro da diretoria da Hengaw, baseada no exílio. 

Ainda de acordo com Taimori, os agentes informaram aos alunos que eles serão "tratados com severidade" caso compartilhem fotos de Armita ou detalhes sobre o caso. "Nós não temos nenhuma nova informação sobre a saúde dela, por enquanto. Mas recebemos relatos de que quase todos que tentaram usar o celular dentro do hospital ou no entorno foram abordados pelas forças de segurança e tiveram os aparelhos confiscados", disse. 

Uma fonte contou ao site Zamaneh Media, operado a partir do exílio, que Armita teria batido a cabeça contra um metal, depois de ser empurrada por agentes da Polícia da Moralidade por não usar o hijab (véu islâmico). Em decorrência da pancada, teria sofrido uma hemorragia intracraniana, o que levou à queda na pressão sanguínea. A agência de notícias IRNA divulgou imagens de Armita e duas amigas, sem o hijab, entrando no vagão do metrô. Logo depois, uma delas cai e é carregada para a plataforma. 

Protestos

Nas redes sociais, ativistas organizaram protestos contra o regime teocrático islâmico, a Polícia da Moralidade e o uso do hijab em várias cidades. Ilustrações do rosto de Armita começaram a circular na X, o antigo Twitter, em homenagem à estudante.

O caso envolvendo Armita ocorre pouco mais de um ano depois da morte de Mahsa Amini, a iraniana de 22 anos que também entrou em coma depois de ser espancada pelos agentes da mesma polícia por deixar uma mecha do cabelo à mostra. A tragédia com Amini deflagrou revolta em várias cidades do Irã. Mulheres retiraram o hijab e atearam a vestimenta a fogueiras, enquanto gritavam palavras de ordem. 

 

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