O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que Israel se prepara para uma invasão de Gaza por terra, mas não deu data para isso acontecer.
A mais recente escalada no conflito de Israel com o Hamas já dura duas semanas, desde que o Hamas atacou o país em 7 de outubro. Israel logo em seguida iniciou uma contra-ofensiva com ataques áereos à Faixa de Gaza.
Em um pronunciamento ao vivo em Tel Aviv na quarta-feira (25/10), Netanyahu afirmou que a decisão sobre uma incursão terrestre, tomada pelo gabinete especial de guerra, foi unânime.
"Estamos nos preparando para uma incursão por terra. Não vou dar detalhes, quando ou com quantos (soldados)", disse ele. "Eu também não vou detalhar os cálculos que estamos fazendo, que o público desconhece, e que deve continuar sendo assim."
O pronunciamento foi o primeiro no qual Netanyahu admitiu "falha" em impedir os ataques do Hamas em Israel em 7 de outubro.
"Todo mundo vai ter que responder por isso, inclusive eu. Mas isso vai acontecer somente depois da guerra", disse ele.
Netanyahu também disse mais uma vez que os palestinos na Faixa de Gaza deveriam ir para o sul.
De acordo com a análise do correspondente da BBC em Jerusalém, Paul Adams, o líder israelense não divulgou nenhuma novidade, mas reforçou os principais dois objetivos do governo no momento: destruir o Hamas, política e militarmente, e garantir o retorno dos reféns.
Netanyahu disse que o Estado vai cuidar de quem perdeu suas casas nos ataques do Hamas.
Foi uma fala que responde às críticas de israelenses por ele não se encontrar com os sobreviventes dos ataques do Hamas e por não comparecer a nenhum enterro, diz Adams.
Como seria uma invasão terrestre em Gaza
De acordo com comunicados anteriores do governo de Israel, o país tem enviado forças para atravessar a fronteira com a faixa de Gaza em "incursões limitadas".
O repórter do serviço árabe da BBC Feras Kilani relata que Israel está concentrando milhares de soldados, tanques e artilharia perto da fronteira de Gaza.
Além de sua força permanente, de 160 mil militares, foram chamados cerca de 300.000 reservistas.
Se as tropas entrarem, soldados israelenses enfrentarão combatentes do Hamas numa área urbana densamente povoada, diz Kilani.
Com uma incursão de Israel por terra, os túneis que ligam os postos de comando subterrâneos do Hamas seriam parte vital da sua estratégia, analisa Kilani.
O Hamas teve tempo de antecipar um ataque terrestre e armazenar alimentos, água e armas, escreve o jornalista.
O Hamas já disse que os túneis se estendem por 500 km, uma extensão superior ao metrô de Londres, por exemplo.
Muitos têm entradas escondidas dentro de casas, mesquitas, escolas e outros edifícios públicos.
Acredita-se que o Hamas tenha colocado armadilhas e explosivos improvisados nos pontos de entrada e ao longo de ruas estreitas.
Os túneis devem estar entre os principais alvos de Israel.
"Pense na Faixa de Gaza como uma camada para os civis e depois outra camada para o Hamas. Estamos tentando chegar à segunda camada que o Hamas construiu", disse um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF) em 12 de outubro.
Os militares de Israel provavelmente evitarão entrar em túneis, a menos que seja extremamente necessário - em vez disso, usarão explosivos para destruí-los.
Israel acredita que o Hamas tenha cerca de 30.000 soldados, com armas incluindo fuzis automáticos, lançadores de granadas e mísseis antitanque.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br