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Venezuela: candidata inabilitada amplia vantagem em primárias da oposição

María teve o mandato cassado em 2014 por participar como "embaixadora alternativa" do Panamá em uma reunião da OEA na qual denunciou supostas violações dos direitos humanos

Pré-candidata presidencial venezuelana pelo partido de oposição Vente Venezuela, María Corina Machado       -  (crédito: FEDERICO PARRA / AFP)
Pré-candidata presidencial venezuelana pelo partido de oposição Vente Venezuela, María Corina Machado - (crédito: FEDERICO PARRA / AFP)
postado em 24/10/2023 13:16 / atualizado em 24/10/2023 13:16

A candidata liberal María Corina Machado, inabilitada para ocupar cargos públicos, ampliou sua vantagem na primária organizada pela oposição venezuelana no domingo, enquanto o governo do presidente Nicolás Maduro denunciou "fraude" nos números do processo.

Machado tinha 1.473.105 votos do total de 1.591.504, após a apuração de 64,88% das atas, segundo um novo boletim, divulgado na noite desta segunda-feira (23) pela comissão das primárias, organizadas para escolher um adversário de Maduro nas presidenciais de 2024.

Em segundo lugar, com 70.891 votos, aparece Carlos Prosperi, que fez denúncias de irregularidades no processo.

O presidente Maduro afirmou que os números das primárias foram inflados e as denominou de "fraude". 

"Nós respeitamos esse grupo e faço-lhes um apelo: não se deixem enganar, não se deixem levar por uma aventura de ódio", disse o chefe de Estado, nesta segunda, em seu programa semanal de televisão.

Machado, uma engenheira industrial de 56 anos, promete acabar com o socialismo e impor uma economia liberal, com privatização de empresas públicas como a Petróleos de Venezuela (PDVSA).

Ela entrou para a política em 2002 com uma ONG que estimulou um referendo revogatório contra o falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013) e depois foi eleita deputada em 2011, mas teve o mandato cassado em 2014 por participar como "embaixadora alternativa" do Panamá em uma reunião da OEA na qual denunciou supostas violações dos direitos humanos durante os protestos naquele mesmo ano que pediam a saída de Maduro e deixaram 40 mortos.

"Contra tudo e todos, fizemos as primárias, unimos o país e conquistamos uma vitória sem precedentes", escreveu ela na rede social X, antigo Twitter.

As primárias aconteceram apenas cinco dias após a assinatura de um acordo em um processo de negociação entre governo e oposição, que programou as eleições presidenciais para o segundo semestre de 2024, com a presença de observadores da União Europeia e de outras instituições internacionais.

O governo dos Estados Unidos respondeu com um alívio, por seis meses, das sanções contra o petróleo venezuelano, mas estabeleceu como condição a retirada das inabilitações de opositores, um tema delicado no qual o chavismo não deseja ceder.

A punição contra Machado, inicialmente de 12 meses e que terminou em 2016, foi prorrogada para 15 anos em 30 de junho, justamente quando sua campanha começou a crescer. A Controladoria, comandada pelo agora presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, acusou a ex-deputada de corrupção e de promover sanções contra o país.

O processo de primárias foi organizado pela oposição, que descartou a assistência técnica do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) após meses de evasivas por parte da instituição, que, no último minuto, propôs um adiamento por um mês para gerenciar as primárias.

Essa situação resultou em problemas de logística, como atrasos na definição dos centros - a maioria localizada em parques, praças, lojas e casas de moradores - e no credenciamento dos integrantes das mesas e testemunhas. 

Ao contrário do sistema eletrônico das eleições nacionais, a votação foi manual e alguns locais ficaram sem cédulas, depois que a participação superou as estimativas.

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